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Curadoria desafia visão eurocêntrica
DA REPORTAGEM LOCAL
A curadoria de "O(s) Cinético(s)" tentou ampliar a leitura
da arte cinética não apenas no
âmbito temporal, abarcando
desde obras das vanguardas
modernistas até trabalhos contemporâneos, mas também no
aspecto geográfico.
"A leitura corrente do que é
cinético ainda é eurocêntrica.
Tento mostrar nessa exposição
que nomes decisivos desse estilo estão na América Latina, como Abraham Palatnik, do Brasil, e Matilde Pérez, do Chile,
entre outros", explica Suárez.
Além de Palatnik, os artistas
brasileiros que participam da
exposição são Antonio Maluf
(1926-2005), Sergio Camargo
(1930-1990), Lygia Clark
(1920-1988), Sérvulo Esmeraldo e o bem mais jovem e contemporâneo José Patrício, 47.
"Acho que contribuí para que
agora eles sejam mais conhecidos na Europa, mesmo porque
suas obras têm grande força",
conta Suárez. "Apesar disso,
não tentei personalizar a exposição agora que ela veio para o
Brasil. Também há um desconhecimento mútuo entre o que
se produz de cinético na América Latina. Na mostra, se tem
uma boa idéia do que é feito no
continente."
Nesse sentido, o curador
aponta a escultura "Röyi", de
Gyula Kosice, de 1944, como
obra-chave do movimento.
"Onze anos antes da primeira
grande reunião dos cinéticos,
em Paris, Kosice já criara um
trabalho que tinha articulação
móvel, que pede a participação
do espectador", diz ele.
Tcheco radicado na Argentina, Kosice, 83, ao lado de Carmelo Arden Quin e Martín
Blaszko, foi um dos fundadores
do grupo Madí, em 1946, um
dos principais segmentos da arte cinética na América Latina.
Contemporaneidade
"O(s) Cinético(s)" também
conta com obras de artistas
contemporâneos para colocar o
movimento como conceito importante no panorama atual
das artes plásticas.
Suárez diz que um vídeo de
Alexander Apóstol, venezuelano radicado na Espanha, é representativo de como a arte cinética pode servir de inspiração e ser reincorporada por nomes mais jovens.
"Avenida Libertador" é um
vídeo de cinco minutos que filma travestis em uma das principais avenidas de Caracas, que
conta com grandes murais de
Juvenal Ravelo, artista cinético
de destaque no país.
"Eles se apresentam no vídeo
como se fossem figuras icônicas e internacionais, como Soto, Gego, Diez. É como se fosse
uma apropriação estranha de
uma modernidade já institucionalizada da arte cinética",
explica ele.
(MG)
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