São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Curadoria desafia visão eurocêntrica

DA REPORTAGEM LOCAL

A curadoria de "O(s) Cinético(s)" tentou ampliar a leitura da arte cinética não apenas no âmbito temporal, abarcando desde obras das vanguardas modernistas até trabalhos contemporâneos, mas também no aspecto geográfico.
"A leitura corrente do que é cinético ainda é eurocêntrica. Tento mostrar nessa exposição que nomes decisivos desse estilo estão na América Latina, como Abraham Palatnik, do Brasil, e Matilde Pérez, do Chile, entre outros", explica Suárez.
Além de Palatnik, os artistas brasileiros que participam da exposição são Antonio Maluf (1926-2005), Sergio Camargo (1930-1990), Lygia Clark (1920-1988), Sérvulo Esmeraldo e o bem mais jovem e contemporâneo José Patrício, 47.
"Acho que contribuí para que agora eles sejam mais conhecidos na Europa, mesmo porque suas obras têm grande força", conta Suárez. "Apesar disso, não tentei personalizar a exposição agora que ela veio para o Brasil. Também há um desconhecimento mútuo entre o que se produz de cinético na América Latina. Na mostra, se tem uma boa idéia do que é feito no continente."
Nesse sentido, o curador aponta a escultura "Röyi", de Gyula Kosice, de 1944, como obra-chave do movimento. "Onze anos antes da primeira grande reunião dos cinéticos, em Paris, Kosice já criara um trabalho que tinha articulação móvel, que pede a participação do espectador", diz ele.
Tcheco radicado na Argentina, Kosice, 83, ao lado de Carmelo Arden Quin e Martín Blaszko, foi um dos fundadores do grupo Madí, em 1946, um dos principais segmentos da arte cinética na América Latina.

Contemporaneidade
"O(s) Cinético(s)" também conta com obras de artistas contemporâneos para colocar o movimento como conceito importante no panorama atual das artes plásticas.
Suárez diz que um vídeo de Alexander Apóstol, venezuelano radicado na Espanha, é representativo de como a arte cinética pode servir de inspiração e ser reincorporada por nomes mais jovens.
"Avenida Libertador" é um vídeo de cinco minutos que filma travestis em uma das principais avenidas de Caracas, que conta com grandes murais de Juvenal Ravelo, artista cinético de destaque no país.
"Eles se apresentam no vídeo como se fossem figuras icônicas e internacionais, como Soto, Gego, Diez. É como se fosse uma apropriação estranha de uma modernidade já institucionalizada da arte cinética", explica ele. (MG)


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