São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Minimania polêmica

Objetos de debate no país, os microvesti dos e as minissaias invadem as ruas de SP e as passarelas europeias

Entre palmas e vaias, ela está de volta. Hit e objeto de desejo das últimas coleções apresentadas na temporada de verão europeia, a minissaia retornou e não veio sozinha. Trouxe com ela microshorts e microvestidos, menores e mais ousados do que o "modelo Geisy", causa de uma das maiores polêmicas fashion no Brasil.
A estudante Geisy Arruda, 20, ficou conhecida no país inteiro depois de ter sido covardemente humilhada no campus da Uniban em São Bernardo. Tudo porque a loura usava um minivestido rosa-fúcsia considerado "provocante" demais pela cartilha pudica (e hipócrita) de alguns alunos.
O caso gerou uma reação em cadeia de caretices, com direito à ressurreição de manuais de estilo jurássicos, que proíbem o uso dos mínis em ambientes acadêmicos e de trabalho.
Por outro lado, o modelito despertou um animado movimento em defesa da minissaia, que repercutiu nos blogs espalhados pela internet e entre os criadores de moda.
O estilista Dudu Bertholini, da grife Neon, defende o potencial contestador e explosivo dos comprimentos micro. "A minissaia foi criada em plena ebulição do espírito revolucionário dos anos 60, veio junto com a pílula anticoncepcional e com diversas conquistas femininas. É uma peça de roupa que carrega uma história relacionada à liberação da mulher", afirma.
Para o designer, as mínis são também uma resposta à chamada "moda da crise", roupas bastante sisudas em tons neutros, que dominaram as temporadas anteriores. "Enquanto algumas grifes apostaram no básico e no clássico, outras, como a Balmain, que é o grande hype do momento, investiu tudo no ultrassexy, usando as mínis como armas de poder e de sedução", completa.
E, mal voltaram à moda, os mínis já estão movimentando o mercado. Os microshorts, incluindo os modelos sofisticados, feitos para a noite, estão entre os itens mais procurados na NK Store, loja multimarcas de luxo da empresária Natalie Klein. "As mulheres também compram muito as minissaias de cetim e os microvestidos com volume, que servem tanto para o dia quanto para uma balada", afirma Thiago Costa Rego, diretor de marketing da loja.
Além da NK Store, Natalie também comanda a primeira loja brasileira do estilista Marc Jacobs, onde foi realizado, na última terça-feira, o desfile da coleção inverno 2009/10 do designer americano. Entre os itens selecionados para as consumidoras brasileiras, diversos modelos curtinhos. Por ironia do destino, o mais curto deles é um minivestido rosa-fúcsia, uma espécie de primo rico do "modelo Geisy".
Das passarelas de Jacobs, Versace, Prada, Balmain e Dolce & Gabanna, entre dezenas de outras grifes e lojas, as mínis começam a invadir as ruas de São Paulo. E não só durante a noite e nas pistas das baladas. "Eu uso mini para trabalhar. Só tomo o cuidado de combinar com sapatilha baixa e camisa. Fica mais discreto", conta Heloisa Gomes, 25, vendedora da Daslu que passeava com sua microssaia pela rua Augusta depois de encerrar o expediente na megastore de luxo.
Voltando de um teste de seleção nas imediações da rua Oscar Freire, na última quarta, a modelo Karol Buss, 18, também usava um minivestido como uniforme de trabalho. "Está calor, não tem como cobrir as pernas. Geralmente uso jeans, mas com essa temperatura, um vestido e uma sapatilha são perfeitos", diz.
De Milão a São Bernardo do Campo, passando pelos Jardins, o último grito da moda é seguir a tendência Geisy: botar as pernocas de fora, bem na cara dos caretas.


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