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BYE-BYE
Filme retrata minorias na França
da Redação
"Parda. Essa é a
nossa cor. Para
aqueles que me
chamam de emigrado, eu digo merda. Foram vocês,
franceses, que vieram nos trazer a
essa terra." Esse trecho de rap
cantado por Moloud, personagem central de "Bye-Bye", sintetiza o retrato amargo das minorias
na França, tema do premiado filme de Karim Dridi -melhor filme para o público jovem em Glacês Gervais e distinção especial no
festival de Cannes em 1995.
O enredo se centraliza na história de imigrantes tunisianos. Ismael deixa Paris com seu irmão
Moloud, de 14 anos, e se hospeda
na casa dos tios em Marselha. O
sonho dele é retornar a seu país de
origem, reencontrar as raízes,
buscar um novo Eldorado, no
qual possa viver com dignidade.
Sonho utópico como Moscou para "As Três Irmãs", de Tchecov ou
o sul desenvolvido para os retirantes de "Vidas Secas", de Graciliano Ramos.
O enfoque é de realismo cru, seguindo a linha de filmes franceses
contemporâneos, como "O
Ódio", de Mathieu Kassovitz. Os
imigrantes vivem precariamente
em subúrbios, acomodações
apertadas e imundas. São ridicularizados pelos franceses e fazem
serviços primitivos. Ótimo panorama para se contrapor à idéia de
que "somos todos irmãos" -como apregoa a globalização.
Moloud não se reconhece como
tunisiano, tampouco como francês, é um outro, mas não se vê como tal. E, na impossibilidade de
se definir, procura todos os caminhos: envolve-se com traficantes,
foge de casa, rebela-se contra a família, picha o carro dos franceses
com sua detonadora letra de rap.
"Bye-Bye" tem momentos cômicos, como a cena em que Moloud e seu primo escondem um
pacote de crack embaixo do assento da velhinha muda e dizem
que ali o pacote teria "segurança
absoluta e prensagem personalizada".
Raridade nesse belíssimo filme,
cuja tônica é violência, dilaceramento, sofreguidão, das cenas de
sexo aos relacionamentos, como
um fugaz adeus.
(SG)
Avaliação:
Vídeo: Bye-Bye
Título original: Bye-Bye
Produção: França, 1995
Distribuição: Cult Filmes
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