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CINEMA/ESTRÉIA
"DUENDES 2"
Monstros de Xuxa agora têm com quem brigar
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a estréia hoje, em 300 salas,
do filme "Xuxa e os Duendes 2
-°No Caminho das Fadas", a apresentadora mostra que continua
acreditando (mercadologicamente) nas criaturinhas verdes.
Deu aos seres do outro mundo,
no entanto, uma missão bem
mais pesada do que a enfrentada
por eles no ano passado, em "Xuxa e os Duendes". Agora, os
monstrinhos têm de recuperar o
recorde de bilheteria nacional
perdido em novembro para o badalado "Cidade de Deus".
Com mais de 3 milhões de espectadores, o filme de Fernando
Meirelles tirou a rainha dos baixinhos de uma posição que ela estava acostumada a ocupar. "Xuxa e
os Duendes" (2,6 milhões) foi ao
primeiro lugar quando desbancou "Xuxa Popstar" (2,4 milhões), de 2000. Esse, por sua vez,
havia superado o blockbuster
"Xuxa Requebra" (1999), que ultrapassou a marca dos 2 milhões.
Orçado em R$ 5 milhões,
"Duendes 2" teve dificuldades em
captar recursos. Na tela, fica claro
que o orçamento não esteve à altura da pretensão do projeto. Um
bom exemplo, aliás, é uma cena
imperdível em que Kira, duende
interpretada por Xuxa, é agarrada
por um monstro, à la primórdios
de "King Kong" (detalhe: quem
salva a heroína é Luciano Szafir,
seu par romântico -na história).
Xuxa acreditou tanto em
"Duendes 1" que manteve a mesma equipe para a segunda versão,
apesar do fim do reinado de Marlene Mattos. Mas a separação teve
consequências na produção do
longa, segundo a Folha apurou.
Xuxa vetou cantores pops e outras "celebridades", mania da antiga sócia. No ano passado, ainda
restaram Wanessa Camargo e
Angélica no elenco. Neste ano, só
a turma da dramaturgia, entre
eles Vera Fischer, Zezé Motta,
Betty Lago. A exceção foi Ana Maria Braga, que estava no primeiro
e voltou para dar continuidade.
Valorizar mais a "história" e
menos as "celebridades" é também estratégico comercialmente.
Xuxa sabe -e, depois de "Cidade
de Deus", muito mais- que precisa de um produto exportável, o
que não ocorreria se recheasse o
elenco de pagodeiros e sertanejos.
"Duendes 1" deve estrear no
México em breve e "Duendes 2"
nasce em meio a um projeto de
exportação ao mercado latino.
""Cidade de Deus" mostra que o
cinema nacional tem potencial e
estimula a concorrência. Mas não
tira o espaço da Xuxa, porque é
um tipo de produção que acerta
esporadicamente, como "Dona
Flor" [12 milhões de espectadores], enquanto as das Xuxa acertam sistematicamente, são verdadeiras franquias", diz Diler Trindade, produtor de "Duendes".
Arnaldo Carrilho, presidente da
Riofilme, vê o fenômeno "Cidade
de Deus" como um desafio para
Xuxa. "Agora o investidor estrangeiro sabe que tem outras alternativas no Brasil, que não só filmes
da Xuxa e dos Trapalhões dão retorno. Isso gera concorrência, o
que é muito saudável. Mas a Xuxa
continua tendo o lugar dela."
Ela parece não duvidar disso e
do sucesso dos duendes, tanto
que deixou o fim do filme aberto
para continuação. E, na pré-estréia, voltou a dizer que crê nos
verdinhos: "É ridículo não acreditar que exista outro mundo melhor do que esse". Até agora, a bilheteria tem acreditado mais no
mundo de "Cidade de Deus".
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