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Gonzagão vive em parque e museu
ISRAEL DO VALE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A poeira quase cobre Exu, cidade natal de Gonzagão, no interior
de Pernambuco. Sem ver chuva
há um ano, o município de 40 mil
habitantes segue desde semana
passada num arrasta-pé lascado.
O chão de terra batida sob a copa de três enormes juazeiros, no
entorno do Museu do Gonzagão,
e a quadra de dança instalada no
espaço criado há 13 anos pelo próprio Lua alternam até este final de
semana sanfoneiros da região e
nomes consagrados no além-sertão -na tarde-noite de hoje, Dominguinhos, Waldonis, Joãozinho do Exu e Elba Ramalho botam o povo para dançar.
"O sertanejo aqui não entristece
com nada", conta Clemilce Cardoso Parente, coordenadora dos
projetos socioculturais organizados pela ONG Parque Asa Branca,
que mantém o museu.
O parque mantém ainda a casa
em que morou Janurário, pai de
Gonzagão, e a dele próprio
-com móveis e a decoração originais-, além do mausoléu dele e
de sua primeira mulher, Helena.
A romaria musical desta data de
nascimento se repete também no
2 de agosto, quando é lembrada
sua morte. Os dois dias são feriados municipais. "É a única pessoa
do Brasil que tem isso", orgulha-se Clemilce. Além de objetos pessoais, o acervo do museu expõe ao
visitante algumas de suas sanfonas, troféus e condecorações.
Mas o memorial musical de
maior fôlego sobre a obra de Gonzagão tem hoje lugar privilegiado
noutro Estado. Campina Grande,
na Paraíba, sedia desde 1991 o
Museu Fonográfico e Musicográfico Luiz Gonzaga, em que o fã e
amigo José Nobre de Medeiros
acomoda 1.102 discos com gravações originais, regravações de
músicas suas por outros artistas,
participações nos discos de outrem, coletâneas, homenagens.
A instituição reúne também fotos e objetos pessoais como seus
típicos chapéu de couro e gibão,
além de um fole de oito baixos.
Parte do material musical dará
origem a um CD-revista com 14
músicas, dez delas até hoje registradas apenas em discos de 78 rotações. O projeto ainda depende
de apoio de uma gráfica.
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