São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

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CINEMA

Projetos de Tarantino e Anthony Minghella devem ficar com a empresa dos irmãos Weinstein

Walt Disney e Miramax negociam divórcio

LAURA M. HOLSON
DO "NEW YORK TIMES", EM LOS ANGELES

Quando a indústria cinematográfica se reunir para brindar os vencedores e derrotados no Globo de Ouro, domingo à noite, no Beverly Hilton, o drama mais comentado de Hollywood talvez seja a separação entre Bob e Harvey Weinstein, co-fundadores da Miramax, e a Walt Disney.
Executivos da Disney e representantes da Miramax, controlada pela empresa sediada em Burbank, devem se reunir esta semana ou na semana que vem para discutir que projetos criativos os irmãos Weinstein poderiam levar quando saírem da Disney.
Harvey Weinstein pediu para manter os projetos que envolvem cineastas mais próximos dele, segundo três negociadores envolvidos nas discussões: um filme ainda sem título de Quentin Tarantino e um projeto adaptado por Anthony Minghella.
As duas partes reconheceram que os filmes a serem dirigidos por cineastas leais aos Weinstein talvez não sejam produzidos na Disney caso Harvey Weinstein não esteja envolvido. A Disney parece disposta a vender esses projetos aos Weinstein, disseram os negociadores. Resta determinar o preço, e se a Disney manterá participação nos projetos.
As discussões não se limitam aos numerosos filmes já concluídos e roteiros em produção, mas incluem livros, programas de televisão e peças que interessam aos Weinstein. "Talvez seja um divórcio, mas é um divórcio com filhos", disse um dos negociadores.
Representantes da Disney e da Miramax se recusaram a comentar a separação. Matthew Hiltzok, porta-voz da Miramax, disse que "o foco dos Weinstein é continuar maximizando a lucratividade de seus filmes e chegar a uma solução amigável com a Disney".
As duas partes estão negociando há mais de um ano para resolver sua disputa quanto à prorrogação dos contratos dos Weinstein, pela Disney, para além de setembro de 2005. A Disney adquiriu a Miramax dos irmãos em 1993, por US$ 80 milhões. A subsidiária, no passado conhecida por filmes pequenos e independentes, vem desde então produzindo projetos recheados de astros e ganhadores do Oscar como "Shakespeare Apaixonado", bem como material de grande popularidade como a série "SpyKids", realizada pela Dimension Films, uma unidade do grupo.
Diversas alternativas de parceria entre Disney e Miramax foram exploradas, incluindo um plano, depois abandonado, sob o qual Bob Weinstein, irmão de Harvey e responsável pela bem-sucedida Dimension Films, ficaria na Disney enquanto o irmão sairia para formar empresa separada.
Em novembro, a Disney estava inclinada a uma separação, enquanto preparava documentos para apresentação às autoridades financeiras sobre a composição da companhia. Mas nos documentos apresentados em dezembro, não havia menção a uma possível separação, ainda que a Disney afirmasse que seu investimento na Miramax não continuaria "no mesmo nível" depois que os contratos dos Weinstein expirassem. A Miramax pós-Weinstein teria orçamento da ordem de quase US$ 300 milhões, segundo executivos da Disney.
Alguns dos envolvidos estimam que a Disney pagaria aos Weinstein mais de US$ 100 milhões, incluindo bônus, no final de seus contratos. A Disney, disseram os negociadores, não exigirá que eles assinem uma cláusula que os proibiria de concorrer com ela, algo que os estúdios de cinema muitas vezes exigem quando liberam executivos antes do fim do contrato. Mas quem fica com o nome Miramax, derivado dos nomes dos pais dos Weinstein, Miriam e Max? Os dois negociadores alegam que as partes haviam concordado em não discutir se os Weinstein poderiam comprar o nome de volta antes que todos os itens tivessem sido acertados.


Tradução de Paulo Migliacci


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