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Crítica
Misterioso Bogart está em quatro filmes
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Humphrey Bogart é a grande
representação do ator clássico,
aquele que se faz mais como
imagem na tela do que como
um corpo que ocupa selvagemente o espaço do enquadramento, como eram Brando e
Dean. Inserido num cinema
norte-americano mais "comportado", com rígida marcação
de cena e sem margem para improvisos ou repentes do elenco,
Bogart era mais um rosto que
um corpo.
Era, também, um homem
dos anos 40 apreciado nos anos
60 (pela geração da nouvelle
vague francesa). Talvez porque
houvesse um mistério que fazia
dele um homem único. Com
sua face de relevo talhado, em
princípio "dura" demais para se
moldar às versatilidades do cinema (como um Cary Grant,
por exemplo), e com voz entrecortada, percorreu diversos gêneros, deixando a sua bandeira
fincada em cada um deles. Mas
o que explica essa presença que
chamou a atenção de Godard a
ponto dele citá-lo em seu longa
inaugural, "Acossado"? Seus
filmes?
Se nem sua mulher, Lauren
Bacall, que dividiu cama com
ele, soube responder ao certo,
melhor ficarmos com os filmes.
Neles, percebemos que nunca
houve um melhor que Bogart,
como atestam "Casablanca"
(TCM, 23h45) e "Do Destino
Ninguém Foge" (TCM,
18h10). E nenhum detetive tão
encaixado na violência do noir
quanto Sam Spade, em "O Falcão Maltes" (TCM, 22h), e
Philip Marlowe, em "À Beira
do Abismo" (TCM, 1h30).
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