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MÚSICA
Um dos maiores compositores italianos chegou a vender mais que os Beatles em 1965
De Andrè morre aos 58 em Gênova
HUMBERTO SACCOMANDI
Editor-adjunto de Exterior
Foi enterrado ontem em Gênova
(norte da Itália) o compositor Fabrizio De Andrè, que morreu na
última segunda, aos 58 anos, vítima de câncer.
Autor de alguns dos principais
clássicos da música italiana não-romântica, De Andrè conturbava a
nítida separação que se faz na Itália
entre cultura e música popular
(normalmente considerada apenas um ramo da indústria de entretenimento). Tanto é que uma
deferência que está sendo feita a
ele nesses dias no país é tratá-lo como poeta, e não compositor.
Seu primeira sucesso foi "La
Canzone di Marinella" (1965), que
desbancou até os Beatles em vendas na Itália. Mas sua relação com
o hit parade foi conturbada.
Preguiçoso assumido (apenas 19
álbuns em 38 anos de carreira), De
Andrè tinha fobia do público e
praticamente não fazia shows. O
mais famoso, com a banda PFM
(Premiata Forneria Marconi), está
registrado em dois discos antológicos, "Fabrizio De Andrè in Concerto, Volumes 1 e 2". Também são
raras suas aparições na TV.
Nos anos 80, passou a compor
quase exclusivamente nos dialetos
genovês e sardo (da Sardenha).
Recentemente, já doente, disse
que não tinha mais disposição para compor, mas preparava um álbum com canções brasileiras.
De Andrè "deu voz às angústias
do homem moderno", como lembrou anteontem o Vaticano. Uma
lembrança curiosa, pois, como disse seu amigo de infância, o ator
Paolo Villagio, "para quem não crê
no paraíso, a morte é o vazio".
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