São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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MÚSICA
Um dos maiores compositores italianos chegou a vender mais que os Beatles em 1965
De Andrè morre aos 58 em Gênova

HUMBERTO SACCOMANDI
Editor-adjunto de Exterior

Foi enterrado ontem em Gênova (norte da Itália) o compositor Fabrizio De Andrè, que morreu na última segunda, aos 58 anos, vítima de câncer.
Autor de alguns dos principais clássicos da música italiana não-romântica, De Andrè conturbava a nítida separação que se faz na Itália entre cultura e música popular (normalmente considerada apenas um ramo da indústria de entretenimento). Tanto é que uma deferência que está sendo feita a ele nesses dias no país é tratá-lo como poeta, e não compositor.
Seu primeira sucesso foi "La Canzone di Marinella" (1965), que desbancou até os Beatles em vendas na Itália. Mas sua relação com o hit parade foi conturbada.
Preguiçoso assumido (apenas 19 álbuns em 38 anos de carreira), De Andrè tinha fobia do público e praticamente não fazia shows. O mais famoso, com a banda PFM (Premiata Forneria Marconi), está registrado em dois discos antológicos, "Fabrizio De Andrè in Concerto, Volumes 1 e 2". Também são raras suas aparições na TV.
Nos anos 80, passou a compor quase exclusivamente nos dialetos genovês e sardo (da Sardenha).
Recentemente, já doente, disse que não tinha mais disposição para compor, mas preparava um álbum com canções brasileiras.
De Andrè "deu voz às angústias do homem moderno", como lembrou anteontem o Vaticano. Uma lembrança curiosa, pois, como disse seu amigo de infância, o ator Paolo Villagio, "para quem não crê no paraíso, a morte é o vazio".



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