São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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CINEMA
"Maldito", livro sobre a vida do diretor José Mojica Marins, poderá contar com participação especial do diretor
Criador do Zé do Caixão ganha cinebiografia

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A vida do cineasta e ator José Mojica Marins, criador do personagem Zé do Caixão, vai ser transformada em filme.
O diretor Christiano Metri e o produtor musical Dudu Marote compraram nesta semana os direitos de filmagem da biografia de Mojica, "Maldito", assinada pela dupla de jornalistas André Barcinski, colunista da revista "Trip" e colaborador da Folha, e Ivan Finotti, repórter da Ilustrada.
O livro, lançado no ano passado, pela editora 34, será adaptado e roteirizado pelos seus autores. Segundo André Barcinski, será necessário condensar alguns personagens e centrar em momentos da vida de Mojica.
"Ainda é cedo para dizer o que deve entrar ou não no roteiro. Mas pretendemos mostrar as precárias condições de suas filmagens e os vários problemas que ele teve com a censura", diz Barcinski.
Dos quatro filmes de horror que Mojica realizou nos anos 60, dois foram interditados e outros dois cortados em 20 minutos cada um.
"Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (66) teve 12 cortes, e Mojica ainda foi obrigado a alterar o seu final.
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Inventividade
Suas obras se caracterizam por serem produções de baixíssimo orçamento, que compensam a escassez de recursos com grande inventividade e disposição.
Em seu trabalho, uma sinagoga do Brás (bairro da zona central de São Paulo onde Mojica nasceu) se converte em um apavorante inferno, e o galinheiro situado no quintal de um vizinho se transforma em estúdio de filmagem.
Célebre pelos filmes de terror protagonizados por Zé do Caixão, Mojica realizou também melodramas, westerns e thrillers. Segundo o diretor Christiano Metri, a história de Mojica é ainda mais interessante que seus filmes.
Metri adianta que a cinebiografia será um projeto trabalhoso, dada a necessidade de pesquisas cuidadosas para a reconstituição de época e de tempo para captar recursos.
O cineasta estima em pelo menos dois anos o prazo para que se chegue a uma versão final do roteiro, que terá o próprio Mojica como consultor.
Mojica deve também fazer uma participação especial no filme, vivendo um personagem ainda a ser definido pelos roteiristas.
"Minha vida foi muito corrida. Um filme sobre ela teria que ter um ritmo muito ágil", é o que pensa o biografado. Mojica não pretende interferir no roteiro, mas adianta que gostaria de ver um "final feliz", que, ao que parece, condiz com seu atual momento.
Este ano, três de seus filmes serão lançados em vídeo na Inglaterra, e "O Despertar da Besta" (69) e "Perversão" (78) foram comprados para serem exibidos nos cinemas do Japão.
Mojica também será homenageado no Carnaval deste ano, participando do desfile da escola de samba paulista Vai Vai.
O cineasta deve, aliás, realizar um documentário sobre a história da escola.
Mojica busca ainda um sucessor para Zé do Caixão e uma candidata ao posto de "mulher ideal", que protagonizarão o seu próximo filme.
Aqueles que julgam ter as qualificações necessárias para exercer tais papéis devem ligar para o estúdio do diretor (tel. 011/223-1952).



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