|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
"Maldito", livro sobre a vida do diretor José Mojica Marins, poderá contar com participação especial do diretor
Criador do Zé do Caixão ganha cinebiografia
BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local
A vida do cineasta e ator José
Mojica Marins, criador do personagem Zé do Caixão, vai ser transformada em filme.
O diretor Christiano Metri e o
produtor musical Dudu Marote
compraram nesta semana os direitos de filmagem da biografia de
Mojica, "Maldito", assinada pela
dupla de jornalistas André Barcinski, colunista da revista "Trip" e
colaborador da Folha, e Ivan Finotti, repórter da Ilustrada.
O livro, lançado no ano passado,
pela editora 34, será adaptado e roteirizado pelos seus autores. Segundo André Barcinski, será necessário condensar alguns personagens e centrar em momentos da
vida de Mojica.
"Ainda é cedo para dizer o que
deve entrar ou não no roteiro. Mas
pretendemos mostrar as precárias
condições de suas filmagens e os
vários problemas que ele teve com
a censura", diz Barcinski.
Dos quatro filmes de horror que
Mojica realizou nos anos 60, dois
foram interditados e outros dois
cortados em 20 minutos cada um.
"Esta Noite Encarnarei no Teu
Cadáver" (66) teve 12 cortes, e Mojica ainda foi obrigado a alterar o
seu final.
²
Inventividade
Suas obras se caracterizam por
serem produções de baixíssimo
orçamento, que compensam a escassez de recursos com grande inventividade e disposição.
Em seu trabalho, uma sinagoga
do Brás (bairro da zona central de
São Paulo onde Mojica nasceu) se
converte em um apavorante inferno, e o galinheiro situado no quintal de um vizinho se transforma
em estúdio de filmagem.
Célebre pelos filmes de terror
protagonizados por Zé do Caixão,
Mojica realizou também melodramas, westerns e thrillers. Segundo
o diretor Christiano Metri, a história de Mojica é ainda mais interessante que seus filmes.
Metri adianta que a cinebiografia
será um projeto trabalhoso, dada a
necessidade de pesquisas cuidadosas para a reconstituição de época
e de tempo para captar recursos.
O cineasta estima em pelo menos
dois anos o prazo para que se chegue a uma versão final do roteiro,
que terá o próprio Mojica como
consultor.
Mojica deve também fazer uma
participação especial no filme, vivendo um personagem ainda a ser
definido pelos roteiristas.
"Minha vida foi muito corrida.
Um filme sobre ela teria que ter um
ritmo muito ágil", é o que pensa o
biografado. Mojica não pretende
interferir no roteiro, mas adianta
que gostaria de ver um "final feliz",
que, ao que parece, condiz com seu
atual momento.
Este ano, três de seus filmes serão
lançados em vídeo na Inglaterra, e
"O Despertar da Besta" (69) e "Perversão" (78) foram comprados para serem exibidos nos cinemas do
Japão.
Mojica também será homenageado no Carnaval deste ano, participando do desfile da escola de
samba paulista Vai Vai.
O cineasta deve, aliás, realizar
um documentário sobre a história
da escola.
Mojica busca ainda um sucessor
para Zé do Caixão e uma candidata
ao posto de "mulher ideal", que
protagonizarão o seu próximo filme.
Aqueles que julgam ter as qualificações necessárias para exercer
tais papéis devem ligar para o estúdio do diretor (tel. 011/223-1952).
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|