São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2000


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RELÂMPAGOS
Cetim

JOÃO GILBERTO NOLL

Não apenas um vento, mais, uma truculenta massa de ar com seu rugido vergastando cabeleiras e copas. Pois era um dia assim. E eu ia me casar. Meu vestido de noiva sobre a cama. Minha mãe que entrava já arquitetando me despir, arrumar. Quando pousou a mão na minha pele nua mais que branca, pálida, me senti desmoronar. Acordei na enfermaria. Minha mãe me dando colheradas de uma sopa rala. "Por quem cismei?", refleti. "Por quem ardi, chorei?" Encostei a boca na laranja descascada. Esqueci de mordê-la. Batom na fruta. "Olha, pintaram meus lábios! - para quem?"


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