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RELÂMPAGOS
Cetim
JOÃO GILBERTO NOLL
Não apenas um vento,
mais, uma truculenta massa
de ar com seu rugido vergastando cabeleiras e copas.
Pois era um dia assim. E eu
ia me casar. Meu vestido de
noiva sobre a cama. Minha
mãe que entrava já arquitetando me despir, arrumar.
Quando pousou a mão na
minha pele nua mais que
branca, pálida, me senti desmoronar. Acordei na enfermaria. Minha mãe me dando colheradas de uma sopa
rala. "Por quem cismei?", refleti. "Por quem ardi, chorei?" Encostei a boca na laranja descascada. Esqueci de
mordê-la. Batom na fruta.
"Olha, pintaram meus lábios! - para quem?"
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