São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2000


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CENA MINEIRA
BH mergulha no mundo das artes cênicas

free-lance para a Folha


Um mergulho no ofício. É assim que a produtora Rita Cupertino, 36, define o Encontro Mundial das Artes Cênicas (Ecum), que abre sua segunda edição hoje, em Belo Horizonte. Os números do evento dizem a que veio: são nove oficinas, 21 conferências e apenas dois espetáculos. Essa demanda de teoria e prática do teatro e da dança será consumida, nos próximos 12 dias, por estudantes, profissionais e especialistas do Brasil e outros países.
"O objetivo do Ecum é promover um intercâmbio de culturas, de linguagens e de artistas cênicos que reflitam sobre o seu processo criativo e como ele se relaciona com a sociedade", explica Cupertino, uma das idealizadoras do encontro, ao lado do produtor Guilherme Marques.
A primeira edição do Ecum aconteceu em 98 e teve a participação de nomes como o encenador francês François Lecoq e o grupo dinamarquês Odin Teatret.
Ampliando o leque internacional, a programação deste ano traz o bailarino e coreógrafo japonês Yoshito Ohno (filho do mestre do butô, Kazuo Ohno); o diretor do grupo catalão La Fura del Baus, Carlos Padrissa (leia entrevista abaixo), o encenador italiano Mário Biagini, do Workcenter of Jerzi Grotowski; o dramaturgo, também italiano, Stefano Geraci, do Teatro Pontedera; o diretor polonês Piotr Borowski, do grupo Studium Teatralne; o crítico croata Darko Lukik; o argentino Daniel Veronese, do grupo Periférico de Objetos; e o pesquisador Souleymane Koly, da Costa do Marfim.
A cota nacional estará representada, entre outros, pelo ator Cacá Carvalho, os encenadores Luís Carlos Vasconcellos, do grupo Piollim (PB), Antônio Araújo, do Teatro da Vertigem (SP); o dramaturgo Luís Alberto de Abreu; os cenógrafos J.C. Serroni e Daniela Thomas; e as coreógrafas Lia Rodrigues e Ana Teixeira, que faz duo com o francês Stephane Brodt.
Boa parte dos convidados participará como conferencista do fórum, o segmento principal do Ecum. O tema comum é a criação e suas variantes. As 21 conferências serão distribuídas em seis temas: "As Dimensões do Corpo em Cena: A Arte da Ação"; "Da Escritura Textual à Escritura Cênica: Palavras para Serem Ditas"; "Direção e Percursos: Abertura a Novos Universos Teatrais"; "Realidades e Tendências: O Teatro Além do Teatro"; e "Política Cultural: Criando Novos Cenários".
Segundo Rita Cupertino, o fórum constitui o diferencial do evento em relação aos encontros que priorizam a apresentação de espetáculos. O público-alvo são principalmente estudantes de teatro, vindos de vários Estados. São cerca de 600 inscritos até agora, ainda restando uma semana de inscrições, contra 650 no total do primeiro encontro.
"É uma experiência muito rica para quem participa, uma investigação que também inclui a prática por meio das oficinas", explica a produtora. Daqui em diante, Cupertino espera que o Ecum obedeça a um calendário bienal -não pôde ser realizado em 99 por causa dos patrocínios, que minguaram. O orçamento atual equivale ao de 98: R$ 500 mil, sendo R$ 100 mil em permutas.
A organizadora vê em BH potencial para fomentar intercâmbios. "Aqui a cultura popular é bastante expressiva e cruza com tradições nordestinas, por exemplo", justifica. Para 2002, Cupertino sonha com a francesa Ariane Mnouchkine e o canadense Robert Lepage, dois encenadores de peso que não puderam participar agora, diz ela, por conta da agenda. (VALMIR SANTOS)


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