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CENA MINEIRA
BH mergulha no mundo das artes cênicas
free-lance para a Folha
Um mergulho no ofício. É assim
que a produtora Rita Cupertino,
36, define o Encontro Mundial
das Artes Cênicas (Ecum), que
abre sua segunda edição hoje, em
Belo Horizonte. Os números do
evento dizem a que veio: são nove
oficinas, 21 conferências e apenas
dois espetáculos. Essa demanda
de teoria e prática do teatro e da
dança será consumida, nos próximos 12 dias, por estudantes, profissionais e especialistas do Brasil
e outros países.
"O objetivo do Ecum é promover um intercâmbio de culturas,
de linguagens e de artistas cênicos
que reflitam sobre o seu processo
criativo e como ele se relaciona
com a sociedade", explica Cupertino, uma das idealizadoras do
encontro, ao lado do produtor
Guilherme Marques.
A primeira edição do Ecum
aconteceu em 98 e teve a participação de nomes como o encenador francês François Lecoq e o
grupo dinamarquês Odin Teatret.
Ampliando o leque internacional, a programação deste ano traz
o bailarino e coreógrafo japonês
Yoshito Ohno (filho do mestre do
butô, Kazuo Ohno); o diretor do
grupo catalão La Fura del Baus,
Carlos Padrissa (leia entrevista
abaixo), o encenador italiano Mário Biagini, do Workcenter of Jerzi Grotowski; o dramaturgo, também italiano, Stefano Geraci, do
Teatro Pontedera; o diretor polonês Piotr Borowski, do grupo Studium Teatralne; o crítico croata
Darko Lukik; o argentino Daniel
Veronese, do grupo Periférico de
Objetos; e o pesquisador Souleymane Koly, da Costa do Marfim.
A cota nacional estará representada, entre outros, pelo ator Cacá
Carvalho, os encenadores Luís
Carlos Vasconcellos, do grupo
Piollim (PB), Antônio Araújo, do
Teatro da Vertigem (SP); o dramaturgo Luís Alberto de Abreu;
os cenógrafos J.C. Serroni e Daniela Thomas; e as coreógrafas Lia
Rodrigues e Ana Teixeira, que faz
duo com o francês Stephane
Brodt.
Boa parte dos convidados participará como conferencista do fórum, o segmento principal do
Ecum. O tema comum é a criação
e suas variantes. As 21 conferências serão distribuídas em seis temas: "As Dimensões do Corpo
em Cena: A Arte da Ação"; "Da
Escritura Textual à Escritura Cênica: Palavras para Serem Ditas";
"Direção e Percursos: Abertura a
Novos Universos Teatrais"; "Realidades e Tendências: O Teatro
Além do Teatro"; e "Política Cultural: Criando Novos Cenários".
Segundo Rita Cupertino, o fórum constitui o diferencial do
evento em relação aos encontros
que priorizam a apresentação de
espetáculos. O público-alvo são
principalmente estudantes de teatro, vindos de vários Estados. São
cerca de 600 inscritos até agora,
ainda restando uma semana de
inscrições, contra 650 no total do
primeiro encontro.
"É uma experiência muito rica
para quem participa, uma investigação que também inclui a prática por meio das oficinas", explica
a produtora. Daqui em diante,
Cupertino espera que o Ecum
obedeça a um calendário bienal
-não pôde ser realizado em 99
por causa dos patrocínios, que
minguaram. O orçamento atual
equivale ao de 98: R$ 500 mil, sendo R$ 100 mil em permutas.
A organizadora vê em BH potencial para fomentar intercâmbios. "Aqui a cultura popular é
bastante expressiva e cruza com
tradições nordestinas, por exemplo", justifica. Para 2002, Cupertino sonha com a francesa Ariane
Mnouchkine e o canadense Robert Lepage, dois encenadores de
peso que não puderam participar
agora, diz ela, por conta da agenda.
(VALMIR SANTOS)
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