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La Fura abordará "teatro virtual"
free-lance para a Folha
A subversão do espaço cênico, a
autonomia do ator-autor e a ruptura na condição voyeur do espectador são algumas características do "linguaje furero", como o
La Fura dels Baus costuma definir
seu estilo. O diretor do grupo catalão, Carlos Padrissa, é um dos
convidados do 2º Ecum.
Sua conferência faz parte do tema "Realidade e Tendências: O
Teatro Além do Teatro". Em entrevista à Folha, por telefone, Padrissa, 40, adiantou que abordará
um conceito que vem trabalhando desde a montagem de "MTM"
(94). "Eu quero falar do teatro digital, da soma que é a energia livre
do ator com os bits. É uma forma
de discutir a noção de realidade e
fantasia no cotidiano, e o teatro é
terreno propício para isso", explica.
O último trabalho do La Fura,
"F@usto Versión 3.0", assim como o próximo, "OBS", também
envereda pela pesquisa sobre a
virtualidade no final do milênio.
Na concepção do encenador,
que foi um dos fundadores do
grupo, 17 anos atrás, a sociedade
da imagem impõe um aceleramento da percepção. "Só que o
mundo não está tão maravilhoso
assim", pondera.
Um dos "patrimônios" do La
Fura, acredita o diretor, é a mentalidade constantemente aberta
para experimentar o novo. O que
não implica submissão incondicional aos modismos. Ao contrário, por vezes apropria-se desses
para criticá-los.
Na conversa com o público no
Ecum, Padrissa estará acompanhado por mais dois atores. Haverá uma performance-surpresa
durante o encontro. O que já deixa os participantes em polvorosa.
"O público fica instigado com a
sensação de que controla o perigo
diante de uma ameaça. É uma
reação bioquímica, de adrenalina,
como acontece com a multidão
que corre do touro em algumas
regiões da Espanha", conta.
Uma autodefinição, encontrada
na página oficial do grupo na Internet, ajuda e entendê-lo. "La Fura dels Baus não se encaixa em nenhum gênero: é solteiro, andrógino e ronca à noite."
(VS)
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