VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecido pelas expedições experimentais da sua Kompanhia Teatro Multimídia (em 95, "A Grande Viagem de Merlin" durava cerca de 5 horas e percorria 54 quilômetros), sempre em parceria com Otávio Donasci, o diretor Ricardo Karman retirou-se de cena nos últimos anos para dedicar-se a um projeto considerado secreto até há pouco.
Trata-se do Teatro do Centro da Terra, espaço idealizado em 88, construído à própria custa (ele não revela quanto), e que virá à luz no final de março.
O teatro com 99 lugares foi erguido no subsolo de um prédio residencial que o pai do diretor, o arquiteto Jarbas Karman, havia construído no bairro do Sumaré. A obra surgiu entre os pilotis (conjunto de colunas que sustentam uma edificação, deixando área livre para circulação no pavimento térreo). E lá ficou.
Loucura? Dois fiscais da Prefeitura de São Paulo achavam que sim, em vistoria ao local. Sacaram a multa, mas foram demovidos da idéia quando Karman, filho, os convenceu de que se tratava de um novo palco para uma cidade com déficit de teatros em algumas regiões.
Uma arquiteta que trabalha na prefeitura também colaborou em "off" para a regularização da obra. O alvará de funcionamento saiu em 99, ano no qual Karman faria o primeiro teste para público: convidou cerca de 220 pessoa para a festa do seu casamento (ainda não havia poltronas).
"O espaço será um centro de pesquisa e investigação teatral, mas aberto à comunidade artística em geral", afirma o dramaturgo Samir Yazbek, 33, que assume a coordenadoria do Centro da Terra. Também estão integrados ao projeto o ator Hélio Cícero, a pesquisadora Silvana Garcia e o administrador Yunes Chamí.
A inauguração está prevista para 27 de março, com um evento multiartístico. A programação ainda não está definida. "A alusão ao centro da terra é como um útero superfértil, que sempre nos ampara", diz Karman.


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