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TEMPORADA
Catalão Miguel Adrover se destaca; Marc Jacobs é impecável
Circo da moda tem início em Nova York
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Foi dada a largada na temporada internacional de lançamentos
para o outono-inverno 2001, e o
catalão Miguel Adrover é o destaque. Nova York é a primeira parada do circo da moda, com o evento Seventh on Sixth, que, agora
com o patrocínio da Mercedez
Benz, vira oficialmente Mercedez
Benz Seventh on Sixth. Seventh
on Sixth é o nome dado ao processo das confecções da Sétima
Avenida ("seventh") migrando
para as tendas armadas na Sexta
Avenida ("sixth") durante a semana de moda, em Manhattan,
nos jardins do Bryant Park.
Até sábado desfilaram as marcas masculinas, e o domingo
abriu os desfiles femininos, na
temporada que, como a brasileira, tem história de moda recente.
Sua primeira edição aconteceu
somente em 93, quando os americanos então se organizaram para
elaborar um calendário.
Com cerca de cem desfiles e somente uns 20 merecendo atenção,
a temporada nova-iorquina precisa, neste inverno, se consolidar.
Espetáculo para quem precisa.
O rapper Sean Puffy Combs deu
aula de marketing de moda no
desfile de sua marca, a Sean John.
Casamento mais que perfeito de
moda e música, a grife existe desde 98, tem dois estilistas à frente e
um stylist contratado -o conceituado Bill Mullen- para cuidar
da imagem desse desfile.
Inspirado em ícones dos anos
60 (o fundamento black power,
Jimmi Hendrix e Che Guevara, os
dois últimos homenageados em
regatas cobertas de paetês), a coleção trazia outros fundamentos
da grife, os estonteantes casacos
de pele (usados com dog tags de
diamante) e os jeans, tudo usado
com enormes coturnos pretos. O
nome da coleção: revolucionário.
Na trilha sonora, muito rap (estilo
gangsta, é claro), disco e funk.
Mesmo com extravagância fashion, o look da Sean John é marcadamente viril.
A outra estrela do primeiro final
de semana fashion foi de fato Miguel Adrover. Antes alternativo e
sem dinheiro, Adrover ganhou
fama ao reaproveitar peças de
marcas famosas como a Burberry
e por apresentar ao mundo da
moda o processo da customização e da reciclagem fashion. Agora, é uma celebridade que produz
pelo grande grupo Pegasus Apparel. No último verão, detonou a
tendência do militarismo.
Criativo como ele só, Adrover
passou seis semanas no Egito e
veio com um inverno cheio de
cáftans, túnicas, turbantes, chaddars e todo o vocabulário de moda das mulheres muçulmanas. Inteligente, pontua tudo com blazers com calças e saias, numa silhueta alongada em tons de cinza,
ocre e poucas estampas étnicas,
gráficas. Lembra o cipriota Hussein Chalayan e até um pouco de
Yves Saint Laurent, na silhueta da
coleção saariana.
Marc Jacobs fez um desfile excepcional na noite de segunda.
Simples, chic, elegante, contemporâneo, jovem e clássico. Ao entender perfeitamente sua consumidora norte-americana, o estilista da megagrife Louis Vuitton
conseguiu combinar o poder financeiro do Uptown nova-iorquino com o lado cool do Downtown -onde ficam suas lojas.
Uma palheta de preto e bege,
pincelado com verde-pistache e
amarelo, serve de base para um
exercício formal impecável, ao
mesmo tempo comercial e criativo. No casting moderno e levemente andrógino, nenhuma modelo brasileira, um sinal a ser levado em conta. Com cabelo desfiado, bagunçado, olhos escuros e
precisos, as meninas desfilaram
vestidos de jérsei leves e fluidos,
casacos de pele de coelho preto,
saias plissadas em goergette de
cintura alta (mas mantendo o volume baixo); spencers e mantôs
de tweed preto com grandes botões, com a linha da cintura levantada. Falsas faixas, mangas e golas
em efeito trompe-l'oeil emprestavam feminilidade aos looks.
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