São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2002

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Festival pernambucano revela banda brasiliense Casa de Farinha

DO ENVIADO A RECIFE

Cordel do Fogo Encantado de saias. Pode parecer machista ou reducionista, mas essa é a melhor definição para o grupo de Brasília Casa de Farinha.
Formado pelas vocalistas e percussionistas Marta Carvalho, 30, Débora Aquino, 30, Andréa Siqueira, 28, Cláudia Daibert, 23, e pelos percussionistas Luciano Marques, 34, e André Togni, 27, o Casa lançou um CD especial para o festival Rec Beat, com 11 músicas em versão demo, e prepara para março um disco "oficial".
A comparação com o Cordel se justifica primeiro pela origem dos dois grupos, que surgiram em apresentações teatrais. Além disso, ambos usam a tradição musical nordestina para criar composições originais.
"Brasília é uma cidade constituída por migrantes, muitos do Nordeste, os candangos que levaram novas culturas para a região. Nossa intenção é descobrir a identidade do Brasil, tirar o tradicional de uma espécie de redoma", afirma Andréa Siqueira.
Na prática, o som da banda mistura toques do candomblé e composições próprias que lembram pastorinhas com maracatu e coco, entre outros ritmos.
O efeito das quatro vozes femininas aliadas à percussão pesada, às vezes (poucas) composta por instrumentos alternativos como latas velhas, é sonoramente empolgante; novo, apesar de completamente identificável com a raiz sonora nordestina.
Para chegar a esse resultado, os integrantes do Casa passaram por experiências distintas. Marta Carvalho, por exemplo, fez trabalhos com um grupo de dança afro. Luciano Marques desenvolve pesquisa sobre cultura do Maranhão.
"Nós fazíamos uma peça sobre Lampião. Andréa teve a idéia de aprendermos a tocar para apresentarmos as músicas do espetáculo ao vivo", conta Carvalho.
Até agora restrito ao circuito de shows do Distrito Federal, os integrantes do grupo se dizem confortáveis em uma "cena" musical na qual o rock e o rap têm maior destaque e importância.
"Nós temos uma recepção impressionante, principalmente do público universitário. As pessoas são pegas pela procura de identidade", afirma Siqueira.
Essa identidade está representada, por exemplo, em referências ao sebastianismo em "Boi do Encoberto" e "Rei, Ê, Rei". "Fulô" é um hit certo, com o refrão retirado de uma canção tradicional que repete: "Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô/ Lá do céu, cá na terra, ê, tá caindo fulô".
Para contato com o grupo, está disponível o e-mail casa.de.farinha@uol.com.br.
(RD)


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