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Festival pernambucano revela banda brasiliense Casa de Farinha
DO ENVIADO A RECIFE
Cordel do Fogo Encantado de
saias. Pode parecer machista ou
reducionista, mas essa é a melhor
definição para o grupo de Brasília
Casa de Farinha.
Formado pelas vocalistas e percussionistas Marta Carvalho, 30,
Débora Aquino, 30, Andréa Siqueira, 28, Cláudia Daibert, 23, e
pelos percussionistas Luciano
Marques, 34, e André Togni, 27, o
Casa lançou um CD especial para
o festival Rec Beat, com 11 músicas em versão demo, e prepara
para março um disco "oficial".
A comparação com o Cordel se
justifica primeiro pela origem dos
dois grupos, que surgiram em
apresentações teatrais. Além disso, ambos usam a tradição musical nordestina para criar composições originais.
"Brasília é uma cidade constituída por migrantes, muitos do
Nordeste, os candangos que levaram novas culturas para a região.
Nossa intenção é descobrir a
identidade do Brasil, tirar o tradicional de uma espécie de redoma", afirma Andréa Siqueira.
Na prática, o som da banda mistura toques do candomblé e composições próprias que lembram
pastorinhas com maracatu e coco, entre outros ritmos.
O efeito das quatro vozes femininas aliadas à percussão pesada,
às vezes (poucas) composta por
instrumentos alternativos como
latas velhas, é sonoramente empolgante; novo, apesar de completamente identificável com a
raiz sonora nordestina.
Para chegar a esse resultado, os
integrantes do Casa passaram por
experiências distintas. Marta Carvalho, por exemplo, fez trabalhos
com um grupo de dança afro. Luciano Marques desenvolve pesquisa sobre cultura do Maranhão.
"Nós fazíamos uma peça sobre
Lampião. Andréa teve a idéia de
aprendermos a tocar para apresentarmos as músicas do espetáculo ao vivo", conta Carvalho.
Até agora restrito ao circuito de
shows do Distrito Federal, os integrantes do grupo se dizem confortáveis em uma "cena" musical
na qual o rock e o rap têm maior
destaque e importância.
"Nós temos uma recepção impressionante, principalmente do
público universitário. As pessoas
são pegas pela procura de identidade", afirma Siqueira.
Essa identidade está representada, por exemplo, em referências
ao sebastianismo em "Boi do Encoberto" e "Rei, Ê, Rei". "Fulô" é
um hit certo, com o refrão retirado de uma canção tradicional que
repete: "Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô/ Lá do céu, cá na terra, ê, tá
caindo fulô".
Para contato com o grupo, está
disponível o e-mail casa.de.farinha@uol.com.br.
(RD)
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