São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

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ARTES CÊNICAS

Para público de 15 mil, 9º Festival Internacional tem programação variada, com um total de 30 coreógrafos

Brasília vira capital também da nova dança

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

Desde 1996, a nova dança vem marcando sistematicamente presença em Brasília. A partir de amanhã, cerca de 30 coreógrafos de vários países e um público estimado de 15 mil pessoas participarão durante duas semanas do 9º Festival Internacional da Novadança, coordenado e idealizado por Giovane Aguiar.
Em entrevista por telefone à Folha, Aguiar, 34, explica que a "nova dança é um conjunto de técnicas, que utilizam não só as informações de dança contemporânea do Ocidente mas também teorias e práticas corporais do Oriente, com uma fusão ou utilização dessas linguagens". Traz, também, novidade "nas relações entre bailarino, coreógrafo e público: a começar pelo "intérprete-criador", que é, em alguma medida, co-autor da peça".
Segundo Aguiar, um dos focos do festival é "descobrir e fazer essa nova dança aqui no Brasil". Alguns criadores vêm pela primeira vez ao Brasil, como Hisako Horikawa (Japão) e Malgorzata Haduch (Holanda). Vêm também alguns mais conhecidos por aqui, como Jérôme Bel (França). Entre os brasileiros, jovens criadores como Peter Lavratti e Wesley D'Alessandro; e outros grupos com mais estrada, como BaSirah e Balangandança.
E a América Latina? "No Festival deste ano, temos duas linhas de trabalho: uma mais conceitual, que envolve trabalhos com texto, e outra mais emocional, como a de Horikawa, com o butô contemporâneo. Nesse perfil, não encontramos nenhum trabalho da América Latina, exceto aqui mesmo no Brasil."
Haverá ainda uma programação voltada para as crianças, com espetáculos, exposições e visitas ao teatro ("para experimentar um pouco do que é esse universo") e uma mostra de filmes. Desde a sua criação o Festival investe nas linguagens de vídeo-dança; concederá agora um prêmio, para incentivar a produção na área.
Como afirma o coordenador, há vantagens em fazer o festival em Brasília: "Por não estar num centro tão grande como Rio e São Paulo, a cidade oferece a oportunidade de fazer um evento sem que ele se pulverize. Consegue-se realmente reunir as pessoas em torno de uma linha de pensamento". Por outro lado, obter patrocínio é uma batalha. A dança em Brasília "tem boas representações", diz Aguiar. Mas os grupos têm vida dura e, talvez por isso, "ainda seguem um pouco a linha de companhia, que determina o tipo possível de trabalho".


9º FESTIVAL INTERNACIONAL DA NOVADANÇA. Onde: Teatro Nacional Cláudio Santoro, Centro de Dança de Brasília, Conjunto Cultural da Caixa e Espaço Cultural do Sesc da 913 Sul. Quando: de amanhã a 27/2. Quanto: Cj. Cultural da Caixa e Teatro Nacional: R$ 5/R$ 10; Espaço do Sesc: R$ 3/R$ 6. Inf.: www.candango.com.br.


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