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Alemão mescla deslumbre a desilusão
DA SUCURSAL DO RIO
O alemão Franz Ackermann
não está no Rio para acompanhar
sua exposição "Árvores Douradas", em cartaz no CCBB carioca a
partir de hoje. Mas ele já conhece
o Brasil de algumas viagens anteriores, o que contribuiu para que
tivesse uma visão dúbia em relação aos trópicos.
"Ele conjuga o ponto de vista
naturalista de Humboldt [pintor
alemão que viveu no Brasil], grande intérprete dos trópicos do século 19, com a visão mais cética de
Lévi-Strauss [antropólogo francês
autor de "Tristes Trópicos'], grande intérprete do século 20", diz
Alfons Hug, curador da exposição
e que, quando estava à frente da
Bienal de São Paulo, em 2002,
convidou Ackermann para o
evento.
A mistura entre deslumbramento e desilusão está nas telas
do pintor alemão de 43 anos. Há
muitas cores que remetem às florestas tropicais combinadas com
prédios indicativos da arquitetura
moderna.
"Ele usa cores do neoexpressionismo alemão, e combina elementos de natureza e arquitetura", resume Hug.
Seu modo de montar exposições é dinâmico. Mesmo sem vir
ao Rio, ele manteve contato o
tempo todo com Stephan, seu irmão e assistente, que ia adaptando a pequena sala B do CCBB às
suas idéias.
Ackermann decidiu, por exemplo, reviver na mostra carioca
-em português- uma frase que
já usara há sete anos na França:
"Turistas são dinheiro". Ela começa embaixo de telas que mostram esse conflito entre a natureza e o crescimento das cidades.
"As pinturas não são realistas,
não é um reflexo do mundo. É um
olhar sobre esse mundo", diz Stephan, que, há nove anos trabalhando com o irmão, chega a pintar parte das telas, complementando o trabalho de Ackermann.
O pintor é, ele próprio, um turista compulsivo, que não pára de
viajar e já deu a volta ao mundo
com um colete à prova de balas
com a palavra "Tourist" escrita.
Segundo Alfons Hug, Ackermann diz que, para ele, todos os
lugares do mundo só estão a 10
km uns dos outros. O artista costuma desenhar impressões dos
lugares que visita para depois
criar telas a partir dos desenhos.
Mas um painel da exposição consiste em uma série de aquarelas
que mostram essas impressões.
"Ackermann faz o que chama
de "mapas mentais" com desenhos, aquarelas, cartazes e tudo o
que lhe faz lembrar daqueles lugares por onde passa", diz Hug.
A maior pintura da mostra é um
grande emaranhado de linhas rosas e pretas, tendo o rosto do artista no centro da tela.
Árvores Douradas
Quando: de ter. a dom., das 10h às 21h;
de hoje a 23/4
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Primeiro de Março, 66, centro, Rio, 0/xx/21/3808-2020)
Quanto: entrada franca
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