São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

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Alemão mescla deslumbre a desilusão

DA SUCURSAL DO RIO

O alemão Franz Ackermann não está no Rio para acompanhar sua exposição "Árvores Douradas", em cartaz no CCBB carioca a partir de hoje. Mas ele já conhece o Brasil de algumas viagens anteriores, o que contribuiu para que tivesse uma visão dúbia em relação aos trópicos.
"Ele conjuga o ponto de vista naturalista de Humboldt [pintor alemão que viveu no Brasil], grande intérprete dos trópicos do século 19, com a visão mais cética de Lévi-Strauss [antropólogo francês autor de "Tristes Trópicos'], grande intérprete do século 20", diz Alfons Hug, curador da exposição e que, quando estava à frente da Bienal de São Paulo, em 2002, convidou Ackermann para o evento.
A mistura entre deslumbramento e desilusão está nas telas do pintor alemão de 43 anos. Há muitas cores que remetem às florestas tropicais combinadas com prédios indicativos da arquitetura moderna.
"Ele usa cores do neoexpressionismo alemão, e combina elementos de natureza e arquitetura", resume Hug.
Seu modo de montar exposições é dinâmico. Mesmo sem vir ao Rio, ele manteve contato o tempo todo com Stephan, seu irmão e assistente, que ia adaptando a pequena sala B do CCBB às suas idéias.
Ackermann decidiu, por exemplo, reviver na mostra carioca -em português- uma frase que já usara há sete anos na França: "Turistas são dinheiro". Ela começa embaixo de telas que mostram esse conflito entre a natureza e o crescimento das cidades.
"As pinturas não são realistas, não é um reflexo do mundo. É um olhar sobre esse mundo", diz Stephan, que, há nove anos trabalhando com o irmão, chega a pintar parte das telas, complementando o trabalho de Ackermann.
O pintor é, ele próprio, um turista compulsivo, que não pára de viajar e já deu a volta ao mundo com um colete à prova de balas com a palavra "Tourist" escrita.
Segundo Alfons Hug, Ackermann diz que, para ele, todos os lugares do mundo só estão a 10 km uns dos outros. O artista costuma desenhar impressões dos lugares que visita para depois criar telas a partir dos desenhos. Mas um painel da exposição consiste em uma série de aquarelas que mostram essas impressões.
"Ackermann faz o que chama de "mapas mentais" com desenhos, aquarelas, cartazes e tudo o que lhe faz lembrar daqueles lugares por onde passa", diz Hug.
A maior pintura da mostra é um grande emaranhado de linhas rosas e pretas, tendo o rosto do artista no centro da tela.


Árvores Douradas
Quando:
de ter. a dom., das 10h às 21h; de hoje a 23/4
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Primeiro de Março, 66, centro, Rio, 0/xx/21/3808-2020)
Quanto: entrada franca


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