São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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Horror busca lobisomem "real"

Projeto de Benicio del Toro, filme evita excessos da computação e traz maquiagem e roupas "de verdade'

Longa teve produção conturbada, com troca de diretor, data de estreia adiada e efeitos especiais acrescentados de última hora


FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

O filme "O Lobisomem", uma história de maldição e terror na Inglaterra vitoriana, também não teve teve uma trajetória tranquila até os cinemas, com datas de estreia adiadas, efeitos especiais adicionados de última hora e "fuga" do diretor original pouco antes das filmagens.
O ator porto-riquenho Benicio del Toro é o produtor e protagonista, no papel de Lawrence Talbot, um homem que volta para a casa do pai após muitos anos e encontra uma vila aterrorizada por uma besta-humana. O filme é um "remake" da obra de 1941, da série de monstros dos estúdios Universal.
"Esses filmes do Drácula, do Frankenstein e do Lobisomem foram os primeiros cujos nomes e atores eu conhecia. Lembro de Boris Karloff, Bela Lugosi... Aprendi isso antes mesmo de conseguir dizer "Mickey Mouse'", disse Del Toro a jornalistas na semana passada.
"O filme tem suas complexidades, a relação pai e filho é bem pesada, mas é entretenimento, não deve passar dos 95 minutos. Não queremos um "21 Gramas" ou "Che" com Lobisomem", disse o ator, citando seus filmes anteriores.
Para o diretor Joe Johnston ("Jurassic Park 3", "Querida, Encolhi as Crianças"), que substituiu às pressas Mark Romanek, o desafio principal foi "fazer um filme meu e não de outra pessoa". "Quando cheguei, já havia algumas esculturas preliminares da maquiagem, e o Lobisomem era quase como um brinquedo de pelúcia, dava meio que vontade de abraçá-lo. E eu queria que ele fosse mau, assustador mesmo", diz o diretor.
Ao contrário da onda da digitalização no cinema atual, o lobisomem é feito de roupas e maquiagem de verdade, com várias camadas e elementos no rosto -uma mágica que leva a assinatura de Rick Baker, seis vezes ganhador do Oscar na categoria. "Queria que tivesse esse peso de realidade. Usamos o computador para melhorar as coisas, como colocar pés quando ele está correndo", explicou o diretor.
Anthony Hopkins faz o pai de Del Toro, um homem sério e cheio de segredos. Ele contou que também teve seus problemas com o filme, em especial o roteiro, e que ainda não tinha visto a versão final.
"O jeito que o roteiro foi escrito era muito americano, com um inglês e o senso geográfico pouco acurados", disse o ator. "Então eu perguntei a Joe e retrabalhei meu material. Meu personagem era um inglês bombástico, grandioso. E eu o fiz de forma mais silenciosa."
Hopkins vive num castelo sorumbático com seu segundo filho e a mulher, interpretada por Emily Blunt. Sua frieza faz lembrar o melhor de Hannibal Lecter, personagem que lhe rendeu um Oscar em "O Silêncio dos Inocentes" (1991).
"O que me pegou nesse roteiro foi uma frase, logo no começo, quando digo a Lawrence: "O corpo do seu irmão foi encontrado. Você tem a roupa certa para o funeral?". Gosto dessa frieza", disse o ator. "E eu sou bom nisso porque tenho uma frieza natural, sou bem duro. Quer dizer, eu sou bastante amigável e caloroso, mas não tenho tempo para pessoas que reclamam o tempo todo."

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