São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Antes do inferno, Artaud encarnou Marat

especial para a Folha

Os olhos revirados de Antonin Artaud interpretando Marat em "Napoleão" são uma pálida amostra, quase uma caricatura, da radicalidade catártica que esse ator, dramaturgo, teatrólogo, desenhista, escritor e poeta representou para as artes no século 20.
Artaud (1896-1948) rompeu com os surrealistas no final dos anos 20 -e com todas as convenções estéticas-, levando sua experiência literária aos infernos da sua própria esquizofrenia.
Admirador das tradições do teatro oriental, além de fascinado pelas possibilidades libertárias dos rituais místicos e mágicos, Artaud primeiro teorizou uma saída para as artes, para fora das convenções da cultura, numa ligação mais íntima com a vida, para depois embarcar com o próprio corpo numa experiência sem volta da loucura. Sua interpretação de Marat no filme de Abel Gance é anterior aos seus textos mais violentos e também à radicalização desse processo esquizofrênico. E não teria sido possível de outra forma. (BC)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.