São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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Concretismo vê seu divergente

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos aspectos mais relevantes da exposição "Forma: Brazil" é o encontro de dois rios "divergentes" da arte brasileira. O concretismo e neoconcretismo de Geraldo de Barros e Lygia Pape farão a "pororoca" em Nova York.
O fotógrafo paulista, saudado por críticos como Herkenhoff como "um monumento", participou do núcleo original do primeiro movimento de arte concreta, junto a nomes como Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto.
Influenciados pelos trabalhos do suíço Max Bill, eles criaram em meados da década de 50 uma arte que aspirava à vanguarda como consequência de um projeto racional, usando sobretudo formas geométricas simples.
"Era um movimento mais europeu, mais racionalista", diz Fabiana de Barros, filha de Geraldo, artista e pesquisadora.
Em 1959, um grupo de artistas radicados no Rio, entre eles Lygia Pape (além de Lygia Clark e Hélio Oiticica), assina o manifesto neoconcreto buscando uma ênfase nos sentidos e uma interação maior do espectador com a arte e da arte com a vida.
"Eles não se davam bem", lembra Fabiana, sobre a relação dos concretos e neoconcretos, que acompanhou de perto.
"Eu pessoalmente não tinha essa idéia", explica Lygia Pape, "mas achávamos sim que havia um excesso de racionalidade".
Mas a artista, que prepara exposição de novos trabalhos para maio, na galeria Camargo Vilaça, em São Paulo, diz que isso é tudo passado. "Hoje, historicamente falando, acho que os concretos têm um grande interesse."
Para ajudar a compreendê-los, haverá a projeção do documentário "Sobras em Obras: Geraldo de Barros", do suíço Michel Favre.
Premiado no Brasil, na Suíça e na Hungria, o filme sobre o fotógrafo paulista morto em 1998 será exibido depois da palestra de Herkenhoff e Pape. (CEM)


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