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GASTRONOMIA
MERCADO
Alimentos "naturais" espalham-se por gôndolas e cardápios da cidade
Orgânicos roubam lugar à mesa em São Paulo
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Os alimentos orgânicos já estão
presentes em grande parte dos
restaurantes paulistanos. E, por
tabela, o faturamento de produtores e supermercados especializados nesse nicho de mercado também tem aumentado.
Apesar de ainda não ter o mesmo movimento intenso das boas
mesas das capitais do Primeiro
Mundo, é cada vez mais fácil encontrar verduras e legumes sem
adição de agrotóxicos, produtos
químicos ou alterados geneticamente nos estabelecimentos de
São Paulo.
A qualidade e o rendimento são
os principais fatores que levam os
restaurantes a optar pelos alimentos orgânicos.
"A diferença do paladar em
uma salada, por exemplo, é incontestável", afirma Branca Ferreira da Rosa, 31, proprietária do
franco-italiano Madelleine. "A rúcula orgânica tem aquele sabor
amargo mais acentuado do que a
"normal'", diz Rosa.
Embora pese no bolso -em
média, são de 40% a 50% mais caros do que os cultivados com
agrotóxicos-, esse custo é abatido com a quantidade de alimentos que é levada às mesas pelos
chefs. "Os produtos orgânicos
têm durabilidade maior. Conseguimos aproveitar quase 100% de
uma alface "natural", contra 30%
de uma "intoxicada'", afirma Alex
Atala, chef do D.O.M.
Em seu outro restaurante, o Namesa, onde o uso de orgânicos é
maior, Atala chega a informar a
escolha aos clientes. "Quem tem
hábito de comer esse tipo de alimento todo dia sente a diferença."
O L'Orange, antigo Restaurante,
inicia, a partir do dia 20 deste mês,
seção em seu cardápio dedicada
aos orgânicos. "Esperamos que [a
quantidade orgânica" represente
de 40% a 50% nos pratos servidos", diz a proprietária, Lúcia de
Campos Faria, 43.
O Osório, inaugurado em setembro do ano passado, vai além
das verduras e legumes e tem
também massas e ovos sem aditivos em seu cardápio, quase exclusivamente orgânico.
Supermercados
A "febre orgânica", que atingiu
cidades européias, ainda não pegou por aqui, mas é sentida no faturamento de supermercados como Carrefour, Sé e Pão de Açúcar,
que comercializam os produtos.
Nos últimos oito meses, no Pão de
Açúcar, a venda da alface crespa
cresceu 230%; da lisa, 370%; da
couve, 80%; do repolho, 90%.
Com a proposta de tentar baixar
os preços tratando direto com o
consumidor, a Associação de
Agricultura Orgânica organiza,
no Parque da Água Branca (zona
Oeste de São Paulo), uma feira de
"naturais".
Paula Hauptmann, 34, proprietária da Fazenda Santo Onofre,
que produz orgânicos há oito
anos, explica por que esse tipo de
alimento é mais caro.
"Como não usamos herbicidas,
controlamos as pragas manualmente, aumentando a quantidade
de mão-de-obra." Mais: "Alface
cultivada com adubo de nitrogênio é colhida em 25 dias e a nossa,
sem químicos, leva 35 dias".
Com custos mais altos, os produtores tentam aumentar a quantidade comercializada. "Quando
começamos, nossa área útil era de
60 m2. Agora, é de 1.360 m2. Estamos crescendo cerca de 60% ao
ano", afirma Hauptmann.
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