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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Blur

Divulgação
Alex James, Damon Albarn e Dave Rowntree no Marrocos



O ídolo pop e ativista Damon Albarn fala como quer usar o novo disco da banda, "Think Tank", contra a guerra iminente; o CD chega em maio


LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

É tempo de Blur. Uma das bandas mais queridas da música pop abandona silêncio de quatro anos longe dos estúdios para lançar um disco que desencava o discurso "Faça amor, não faça a guerra".
"Think Tank", sétimo álbum do grupo inglês precursor do milionário britpop dos 90, chega às lojas do mundo no dia 5 de maio pregando o "cruzamento de culturas" na música e vem carregado de "canções de amor politizadas".
As aspas acima são de Damon Albarn, líder do Blur, astro do Gorillaz e ativista atuante contra a guerra EUA-Iraque. Albarn falou com exclusividade à Folha, de Londres, sobre o novo CD.
O disco, gravado em boa parte no Marrocos, traz elementos árabes ao rock do Blur.
A grande expectativa em torno de "Think Tank" é por conta do "making of" do álbum. No meio do caminho entre o CD anterior, "13", e o início das gravações deste, (1) Damon Albarn transformou um projeto paralelo, o Gorillaz, em supergrupo; (2) o ótimo guitarrista Graham Coxon abandonou o Blur depois de 13 anos; (3) o mago da música eletrônica, o DJ Norman Cook (Fatboy Slim), produziu algumas das canções.
Leia a entrevista com Albarn.
 

Folha - Como você descreveria o novo álbum do Blur e qual você acha que será o efeito dele dentro da música pop atual?
Damon Albarn -
Acredito que esse novo disco tenha uma mensagem. "Think Tank" é um álbum cheio de "canções de amor politizadas". O que quero dizer é que as músicas tentam ajudar a redefinir de algum modo o que é o amor, já que o conceito está desvirtuado e o foco geral agora está todo mudado, direcionado ao caos político mundial. A tensão guerra-não guerra, pelo menos aqui na Inglaterra, está insuportável.

Folha - O quanto o CD novo está diferente dos outros seis álbuns do Blur, principalmente por ser o primeiro após a saída do guitarrista Graham Coxon?
Albarn -
Acho ele bem diferente, porque o Blur sempre procura ser diferente. Embora você sempre saiba que está escutando um disco do Blur. É claro que sem Graham a banda perde um pouco de sua essência. Trabalhamos juntos por muitos e muitos anos. Ele saiu por estar frustrado com o caminho musical que a banda optou.

Folha - Quem gravou as guitarras de "Think Tank"?
Albarn -
Fui eu mesmo. E posso dizer que não foi fácil. Mas acho o resultado final aceitável.

Folha - De onde veio a idéia de gravar o álbum no Marrocos e como foram as gravações?
Albarn -
Surgiu na época em que fui para Mali, também na África, trabalhar em um disco com músicos locais ["Mali Music], lançado em abril de 2002". Acabei indo a um festival em Marrocos, em maio. Fiquei entusiasmado pelo lugar ao ver 50 mil árabes reunidos em um evento musical com todos os seus costumes, numa espécie de evento pop carregado de sabor arábico.
O que mais me atraiu era traçar um paralelo com o que estava vendo e ouvindo ali com o que estou acostumado a presenciar na Inglaterra. Queria trazer aquele clima para o disco do Blur. Acho interessante esse cruzamento de culturas para música. E acho mais interessante ainda uma tentativa de cruzamento de culturas mais abrangente para melhorar essa tensão mundial burra.

Folha - Como foi trabalhar com Norman Cook (Fatboy Slim) na produção de "Think Tank"?
Albarn -
Ele é um grande amigo, então o clima no estúdio estava mais para reunião de amigos do que para trabalho. Na verdade ele só produziu duas músicas ["Crazy Beat" e "Gene by Gene"]. Não dá para chamá-lo de quarto membro do Blur, mas sinto que o dedo de Norman vai fazer essas músicas virarem hits.

Folha - Você lembra algo dos shows do Brasil, em 1999?
Albarn -
Dos shows não lembro, mas recordo que a vibração dos lugares e das cidades que visitamos era muito especial. Definitivamente vamos voltar ao Brasil.


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