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Blur
Divulgação
![](../images/i1403200306.jpg) |
Alex James, Damon Albarn e Dave Rowntree no Marrocos |
O ídolo pop e ativista Damon Albarn fala como quer usar o novo disco da banda, "Think Tank", contra a guerra iminente; o CD chega em maio
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LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
É tempo de Blur. Uma das bandas mais queridas da música pop
abandona silêncio de quatro anos
longe dos estúdios para lançar um
disco que desencava o discurso
"Faça amor, não faça a guerra".
"Think Tank", sétimo álbum do
grupo inglês precursor do milionário britpop dos 90, chega às lojas do mundo no dia 5 de maio
pregando o "cruzamento de culturas" na música e vem carregado
de "canções de amor politizadas".
As aspas acima são de Damon
Albarn, líder do Blur, astro do Gorillaz e ativista atuante contra a
guerra EUA-Iraque. Albarn falou
com exclusividade à Folha, de
Londres, sobre o novo CD.
O disco, gravado em boa parte
no Marrocos, traz elementos árabes ao rock do Blur.
A grande expectativa em torno
de "Think Tank" é por conta do
"making of" do álbum. No meio
do caminho entre o CD anterior,
"13", e o início das gravações deste, (1) Damon Albarn transformou um projeto paralelo, o Gorillaz, em supergrupo; (2) o ótimo
guitarrista Graham Coxon abandonou o Blur depois de 13 anos;
(3) o mago da música eletrônica, o
DJ Norman Cook (Fatboy Slim),
produziu algumas das canções.
Leia a entrevista com Albarn.
Folha - Como você descreveria o
novo álbum do Blur e qual você
acha que será o efeito dele dentro
da música pop atual?
Damon Albarn - Acredito que esse novo disco tenha uma mensagem. "Think Tank" é um álbum
cheio de "canções de amor politizadas". O que quero dizer é que as
músicas tentam ajudar a redefinir
de algum modo o que é o amor, já
que o conceito está desvirtuado e
o foco geral agora está todo mudado, direcionado ao caos político mundial. A tensão guerra-não
guerra, pelo menos aqui na Inglaterra, está insuportável.
Folha - O quanto o CD novo está
diferente dos outros seis álbuns do
Blur, principalmente por ser o primeiro após a saída do guitarrista
Graham Coxon?
Albarn - Acho ele bem diferente,
porque o Blur sempre procura ser
diferente. Embora você sempre
saiba que está escutando um disco do Blur. É claro que sem Graham a banda perde um pouco de
sua essência. Trabalhamos juntos
por muitos e muitos anos. Ele saiu
por estar frustrado com o caminho musical que a banda optou.
Folha - Quem gravou as guitarras
de "Think Tank"?
Albarn - Fui eu mesmo. E posso
dizer que não foi fácil. Mas acho o
resultado final aceitável.
Folha - De onde veio a idéia de
gravar o álbum no Marrocos e como
foram as gravações?
Albarn - Surgiu na época em que
fui para Mali, também na África,
trabalhar em um disco com músicos locais ["Mali Music], lançado
em abril de 2002". Acabei indo a
um festival em Marrocos, em
maio. Fiquei entusiasmado pelo
lugar ao ver 50 mil árabes reunidos em um evento musical com
todos os seus costumes, numa espécie de evento pop carregado de
sabor arábico.
O que mais me atraiu era traçar
um paralelo com o que estava
vendo e ouvindo ali com o que estou acostumado a presenciar na
Inglaterra. Queria trazer aquele
clima para o disco do Blur. Acho
interessante esse cruzamento de
culturas para música. E acho mais
interessante ainda uma tentativa
de cruzamento de culturas mais
abrangente para melhorar essa
tensão mundial burra.
Folha - Como foi trabalhar com
Norman Cook (Fatboy Slim) na produção de "Think Tank"?
Albarn - Ele é um grande amigo,
então o clima no estúdio estava
mais para reunião de amigos do
que para trabalho. Na verdade ele
só produziu duas músicas
["Crazy Beat" e "Gene by Gene"].
Não dá para chamá-lo de quarto
membro do Blur, mas sinto que o
dedo de Norman vai fazer essas
músicas virarem hits.
Folha - Você lembra algo dos
shows do Brasil, em 1999?
Albarn - Dos shows não lembro,
mas recordo que a vibração dos
lugares e das cidades que visitamos era muito especial. Definitivamente vamos voltar ao Brasil.
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