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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Personagem tem insônia e depressão

PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Em vez de voltar todas as noites para sua bat-caverna e encontrar um mordomo esperando com um suéter caro e a lareira impecavelmente funcionando, o Demolidor chega a um loft do bairro nova-iorquino do Hell's Kitchen procurando por pílulas contra depressão. Ele também dorme numa arca de ferro repleta de água, para evitar que seus poderes extra-sensoriais o mantenham insone. Nos telhados decrépitos de Manhattan, rola um romance entre o herói e Elektra, outra vigilante com roupa de couro, garras afiadas e pouco amistosa.
É em meio ao megasucesso de "Homem-Aranha" no ano passado, à aguardada continuação de "X-Men" e ao debute de "O Incrível Hulk" no próximo verão do hemisfério Norte, que surge o mais novo super-herói da Marvel Comics readaptado para o cinema. É preciso lembrar que apenas nos Estados Unidos a saga do herói Demolidor já arrecadou mais de US$ 85 milhões.
O cenário é a cidade de Nova York. O enredo, a trajetória de um herói vigilante que tenta aplacar o crime organizado na noite da "Big Apple", vestindo macacão escarlate de couro, indumentária que dividiu a crítica americana -uns acharam jeca demais, outros enxergaram sensualidade na vestimenta. O chamariz: o herói que tem poderes extra-sensoriais.
Sua audição, tato e paladar tornaram-se mais aguçados depois de um acidente químico que lhe custou a visão quando criança (preste atenção na cena de flashback: o cartunista Stan Lee espera também o sinal de trânsito fechar para atravessar a rua ao lado do ainda garoto Matt Murdock). O alter ego do herói é um advogado especializado em boas causas.
O próprio Affleck revela que nunca perdeu uma edição do comic de "Demolidor". "Sempre fui fissurado por ele. Povos viveram uma tradição forte de contar histórias em escala operacional. "Dédalo", "Sísifo", "Hércules" "e Beowulf" são equivalentes clássicos de personagens como o Demolidor", analisa.
Criado por Lee e Bill Everett na década de 60, "Demolidor" foi retrabalhado duas décadas mais tarde por Frank Miller, de "Batman". Recentemente, foi a vez do cineasta Kevin Smith (ele, aliás, faz ponta no filme) que sempre escala Affleck e Matt Damon para todos os seus trabalhos, emprestar um pouco de sua expertise em quadrinhos.
Affleck cuidou da apresentação de um gibi do personagem lançado no ano passado. "Depois de ler, liguei para Kevin, disse que tinha um projeto de rodar o filme e queria oferecer Ben como primeira opção de elenco ao estúdio", lembra Johnson.
Elektra, o affair do protagonista na trama, é vivida pela sensação do seriado de TV "Alias", Jennifer Garner. "O treinamento militar de um ano que fiz antes de interpretar a espiã em "Alias" me ajudou bastante nas cenas de ação", explica Jennifer. "Mas devo dizer que, em duas cenas do filme, consegui ver, por uma fração de segundos, o rosto de minha dublê. Mas não tente o mesmo, pois só eu consigo encontrá-la", brinca.
Os vilões de "Demolidor" -Kingpin e o Mercenário- são interpretados por Michael Clarke Duncan, o afável gigante revelado no drama de prisão "À Espera de um Milagre", que acabou substituindo Cuba Gooding Jr. no papel, e o debochado irlandês Colin Farrell. "Nunca poderia imaginar que faria um vilão num blockbuster de Hollywood", explica Farrell. "Aos 14 anos, meu sonho era ter uma cena de sexo com a Mulher-Maravilha. Passei várias horas trancado no meu quarto me preparando em vão."


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