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Personagem tem insônia e depressão
PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Em vez de voltar todas as noites
para sua bat-caverna e encontrar
um mordomo esperando com
um suéter caro e a lareira impecavelmente funcionando, o Demolidor chega a um loft do bairro nova-iorquino do Hell's Kitchen
procurando por pílulas contra depressão. Ele também dorme numa arca de ferro repleta de água, para evitar que seus poderes extra-sensoriais o mantenham insone. Nos telhados decrépitos de
Manhattan, rola um romance entre o herói e Elektra, outra vigilante com roupa de couro, garras
afiadas e pouco amistosa.
É em meio ao megasucesso de
"Homem-Aranha" no ano passado, à aguardada continuação de
"X-Men" e ao debute de "O Incrível Hulk" no próximo verão do
hemisfério Norte, que surge o
mais novo super-herói da Marvel
Comics readaptado para o cinema. É preciso lembrar que apenas
nos Estados Unidos a saga do herói Demolidor já arrecadou mais
de US$ 85 milhões.
O cenário é a cidade de Nova
York. O enredo, a trajetória de um
herói vigilante que tenta aplacar o
crime organizado na noite da "Big
Apple", vestindo macacão escarlate de couro, indumentária que
dividiu a crítica americana -uns
acharam jeca demais, outros enxergaram sensualidade na vestimenta. O chamariz: o herói que
tem poderes extra-sensoriais.
Sua audição, tato e paladar tornaram-se mais aguçados depois
de um acidente químico que lhe
custou a visão quando criança
(preste atenção na cena de flashback: o cartunista Stan Lee espera
também o sinal de trânsito fechar
para atravessar a rua ao lado do
ainda garoto Matt Murdock). O
alter ego do herói é um advogado
especializado em boas causas.
O próprio Affleck revela que
nunca perdeu uma edição do comic de "Demolidor". "Sempre fui
fissurado por ele. Povos viveram
uma tradição forte de contar histórias em escala operacional. "Dédalo", "Sísifo", "Hércules" "e Beowulf" são equivalentes clássicos de
personagens como o Demolidor",
analisa.
Criado por Lee e Bill Everett na
década de 60, "Demolidor" foi retrabalhado duas décadas mais
tarde por Frank Miller, de "Batman". Recentemente, foi a vez do
cineasta Kevin Smith (ele, aliás,
faz ponta no filme) que sempre
escala Affleck e Matt Damon para
todos os seus trabalhos, emprestar um pouco de sua expertise em
quadrinhos.
Affleck cuidou da apresentação
de um gibi do personagem lançado no ano passado. "Depois de
ler, liguei para Kevin, disse que tinha um projeto de rodar o filme e
queria oferecer Ben como primeira opção de elenco ao estúdio",
lembra Johnson.
Elektra, o affair do protagonista
na trama, é vivida pela sensação
do seriado de TV "Alias", Jennifer
Garner. "O treinamento militar
de um ano que fiz antes de interpretar a espiã em "Alias" me ajudou bastante nas cenas de ação",
explica Jennifer. "Mas devo dizer
que, em duas cenas do filme, consegui ver, por uma fração de segundos, o rosto de minha dublê.
Mas não tente o mesmo, pois só
eu consigo encontrá-la", brinca.
Os vilões de "Demolidor"
-Kingpin e o Mercenário- são
interpretados por Michael Clarke
Duncan, o afável gigante revelado
no drama de prisão "À Espera de
um Milagre", que acabou substituindo Cuba Gooding Jr. no papel, e o debochado irlandês Colin Farrell. "Nunca poderia imaginar
que faria um vilão num blockbuster de Hollywood", explica Farrell. "Aos 14 anos, meu sonho era ter uma cena de sexo com a Mulher-Maravilha. Passei várias horas trancado no meu quarto me preparando em vão."
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