São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Por trás da "modernidade" de "Metamorphoses", Record planeja retomar o velho esquema da produção caseira

Operação reversível

DA REPORTAGEM LOCAL

E DA REDAÇÃO

Uma das principais novidades propagadas pela Record sobre "Metamorphoses" é o esquema de produção independente. Diferente da Globo -que construiu central de estúdios e cidades cenográficas para dar conta de produzir sua teledramaturgia-, a Record optou por deixar o trabalho com a produtora Casablanca.
O formato já é uma tendência nos Estados Unidos e na Europa e começa a ganhar espaço na TV brasileira. Mas não é exatamente com esses olhos "futurísticos" que a Record enxerga a parceria.
O presidente da rede, Dennis Munhoz, disse à Folha que, se "Metamorphoses" fizer sucesso, a emissora irá ampliar a teledramaturgia na programação -e voltar a produzir tudo em casa.
"A partir do momento que notarmos que novela é o produto que estamos dispostos a fazer, que deu um bom retorno de audiência, começará a ser financeiramente viável produzir aqui. Se fizermos três, quatro novelas por ano, é mais viável ter essa estrutura de produção montada", disse.
Ele afirmou que a decisão por produção independente se deve ao custo do projeto. "Se a gente fosse fazer aqui uma novela agora, o custo inicial seria muito maior, porque teríamos de investir em equipamentos, estúdios. Estamos fazendo um produto de ponta, no nível das novelas da Globo."
A Casablanca detém a cara tecnologia de câmeras de alta definição, o que irá facilitar a exportação de "Metamorphoses" para países que já possuem TV digital. Um deles é o Japão -o país da máfia inserida na história.
"Temos uma boa perspectiva de venda. Além disso, a Record internacional já está nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Portugal e outros países", disse.
Fora isso, o esquema de produção independente traz à emissora a vantagem do contrato de risco: se der certo, paga mais à produtora e amplia a parceira. Se der errado, reverte-se a operação.

Plástica
A dona da produtora Casablanca, Arlete Siaretta, 50, é o cérebro de grande parte das jogadas de marketing de "Metamorphoses" e do próprio enredo mirabolante.
À Folha, ela disse, por e-mail, que se submeteu a apenas uma cirurgia plástica. E assumiu toda a responsabilidade pela trama.
""Metamorphoses" é um projeto que vem sendo maturado por mim há dois anos. A Casablanca criou um núcleo de roteiristas que recebe minha orientação", disse.
Um deles é José Louzeiro, autor das novelas "Corpo Santo" (1987) e "Guerra sem Fim" (1994/94), da extinta TV Manchete. "Os roteiristas exercem papel importante nessa novela. Na condição de responsável pelo produto final negociado com a Record, estou à frente. O contrato deixa claro o que se pretende em termos de enredo e mensagem com a novela."
Ela diz não temer a rejeição do público com as inovações. Cobiça 20 pontos no Ibope -o dobro da maior audiência hoje obtida pela Record- apostando alto na metamorfose do gosto popular.
(LAURA MATTOS e MÁRVIO DOS ANJOS)


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