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Editora Imago lança neste mês "Jantando com Melvin", segundo livro de ficção do escritor e articulista da Folha Marcelo Coelho; obra faz sátira feroz da elite paulistana que trafega entre o poder, a universidade e a coluna social
Marcelo Coelho satiriza "ex-esquerda"
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
"Jantando com Melvin", o novo
livro do escritor Marcelo Coelho,
colunista e membro do Conselho
Editorial da Folha, é uma obra
destinada a provocar gargalhadas
ou mal-estar (ou ambos), dependendo de quem lê.
O livro, lançado pela Imago,
descreve com requintes de sarcasmo um jantar oferecido a um
maestro norte-americano, Melvin
Bronstein, numa casa do Sumaré.
Entre os comensais estão um
economista da Unicamp que vai a
Boston trabalhar como executivo
de um grande banco, um intelectual que passou a criar galinhas-d'angolas em Ibiúna e um
escritor (o narrador da história)
que tem bronca de Rubem Fonseca.
Sátira feroz da turma que trafega
entre o poder, a universidade e a
coluna social, "Jantando com Melvin" é o segundo livro de ficção do
autor, que publicou anteriormente "Noturno" e as coletâneas jornalísticas "Gosto se Discute" e
"Trivial Variado".
Folha - Em "Jantando com Melvin" cada personagem corresponde a uma figura real?
Marcelo Coelho - Não. Não é
"roman à clé". Claro que o ambiente é muito reconhecível, e pode-se identificar muita coisa de
pessoas reais nos personagens.
Mas para mim eles foram se formando aos poucos.
A Mercedes, por exemplo, é mexicana. Daí foram surgindo várias
associações de idéias: com o México, com ídolo asteca etc. O personagem foi sendo criado dentro do
universo de metáforas associadas
ao eixo México/violência.
Esse tipo de desenvolvimento literário afastou o vínculo que os
personagens pudessem ter com
qualquer indivíduo real.
Folha - Qual foi sua motivação
para escrever um livro tão diferente do anterior, "Noturno"?
Coelho - O "Noturno" foi uma
espécie de desafogo íntimo. Peguei
coisas que me comoviam, fiz uma
coisa lírica. Depois, fiquei sem
idéia do que fazer, como se tivesse
me esvaziado daquilo que tinha ficado engasgado.
O segundo ficou muito o contrário, muito sarcástico, antilírico.
"Jantando com Melvin" surgiu do
interior do projeto de um outro livro, que ainda não consegui fazer,
no qual ia haver um conto que seria uma espécie de pastiche do
Henry James. Um daqueles casos
do James em que alguém encontra
um artista numa festa.
A isso se juntou o ímpeto da irritação cotidiana de ter de ir a um
monte de encontros sociais a contragosto. O livro surgiu dessa irritação e da vontade de criticar esse
ambiente social paulista.
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