São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Livro investiga como Bob Dylan fez, em 1965, sua maior canção

IVAN FINOTTI
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

Se há uma coisa que Bob Dylan nunca levou a sério foram os pedidos para que ele explicasse as letras de suas canções. Mas se fãs e admiradores podem apenas reclamar da desconsideração do artista, os jornalistas têm outra possibilidade: escrever livros inteiros sobre suas canções preferidas.
É o caso de Greil Marcus, jornalista cultural formado em ciências políticas, e do livro "Like a Rolling Stone - Bob Dylan na Encruzilhada". Ali ele conta a história da gravação ("O melhor disco já feito, ou o melhor disco que poderia ser feito."), dá uma geral no clima da época ("Em 1965, todos eles -os Beatles, os Rollings Stones, Dylan e os demais- estavam se superando mês a mês, como se carregados por uma torrente.") e analisa o poder da música ("Quando as pessoas tomaram conhecimento da canção antes mesmo de a ouvirem, ela parecia menos uma peça musical do que um golpe de superioridade que ultrapassava a compreensão pop.").
Há curiosidades que só quem vivenciou a época poderia saber (Marcus tinha 20 anos em 1965): "Já ouviu falar no disco novo do Bob Dylan? Chama-se "Like a Rolling Stone". Dá pra acreditar? Como se ele quisesse entrar na banda. Como se ele fosse um "rolling stone'".
A obra foi publicada em 2005 nos EUA e ganhou críticas desconfiadas, conforme ele contou à Folha: "Foi recebido com estranheza. Houve surpresa das pessoas, dizendo "meu Deus, um livro de 250 páginas sobre uma canção. Estranho...'".
Se o livro cresce quando Marcus faz reportagem, recuperando informações que colocam a canção em seu habitat, fica um pouco cansativo quando ele passa à análise, enfiando metáforas em tudo o que é canto: Dylan não canta, as palavras são "bombas" que "explodem em sua boca"; o órgão entra "como uma comporta se abrindo" e Michael Bloomfield não aparece tocando sua guitarra, mas "girando sua roda dourada". São os famosos excessos dos anos 1960.


LIKE A ROLLING STONE

Autor: Greil Marcus
Tradução: Celso Mauro Paciornik
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 42 (258 págs.)




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