Espetáculo foi premiado pela direção de Newton Moreno e pelo cenário; cerimônia elegeu os melhores do ano passado

Fernanda Montenegro e João Miguel, que venceram como melhor atriz e melhor ator, não compareceram à premiação, na segunda-feira

GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O espetáculo "Memória da Cana" foi o destaque da 22 a edição do Prêmio Shell de Teatro, que divulgou seus vencedores na segunda-feira. A peça tinha o maior número de indicações da noite (quatro) e levou dois troféus, pela direção de Newton Moreno e pelo cenário de Moreno e Marcelo Andrade.
Conduzida pela atriz Patrícia Selonk, a cerimônia premiou ainda Fernanda Montenegro, que não pode comparecer à festa, em Pinheiros.
Foi um momento de saia justa. Logo após anunciar o nome da atriz, que concorria pela peça "Viver sem Tempos Mortos", dirigida por Felipe Hirsch, Selonk recebeu da produção um celular e disse que Fernanda faria os agradecimentos por telefone. Não havia, no entanto, ninguém do outro lado da linha. Concorriam na mesma categoria as atrizes Betty Faria, por "Shirley Valentine", e Juliana Galdino, por "Comunicação a uma Academia". Ambas estavam presentes.
Os aplausos mais calorosos da noite foram dirigidos não a um dos vencedores, mas ao diretor Marcio Aurélio, que concorria por "Anatomia Frozen".
O diretor e dramaturgo Newton Moreno foi quem prestou homenagem a ele, no momento em que recebeu o troféu destinado à direção. Os convidados reagiram imediatamente; levantaram-se e aplaudiram-no demoradamente.
Além de encenador, Marcio Aurélio é visto como uma espécie de mestre por muitos dos que estavam presentes, especialmente por aqueles que foram seus alunos no curso de interpretação da Unicamp.
Oficialmente, o homenageado da noite foi o diretor e ator Fernando Peixoto, veterano da cena teatral de São Paulo, que deu os primeiros passos com o Teatro Oficina de Zé Celso, nos anos 60. Hoje, Fernando Peixoto é conhecido por ter conciliado, na carreira, atividades artísticas e uma produção expressiva de ensaios e traduções. São de sua autoria os livros "Um Teatro Fora do Eixo" e "Teatro em Aberto".

Pequenos manifestos
Na categoria melhor ator, por sua interpretação em "Só", foi premiado João Miguel, que também não compareceu à cerimônia por motivos de trabalho. No seu lugar, subiu ao palco o diretor do espetáculo, o italiano residente em São Paulo Alvise Camozzi.
Durante a cerimônia, houve espaço também para pequenos manifestos, como o de Wanda Sgarbi, vencedora na categoria melhor figurino pela peça "O Capitão e a Sereia". Durante os agradecimentos, ela apontou que vários prêmios tradicionais no cenário teatral brasileiro, como o Mambembe e o Molière, não existem mais.
Também subiram em bando ao palco os integrantes da Cia. São Jorge de Variedades, ganhadores da categoria especial pela pesquisa e criação do espetáculo "Quem não Sabe Mais Quem É, o Que É e Onde Está, Precisa se Mexer". Foi um momento de exaltação para uma noite comportada e marcada por ausências significativas.


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