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Crítica/Osusp
Belas interpretações de Mahler e Brahms confirmam evolução da Osusp
SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Uma orquestra concentrada, ensaiada, motivada: foi a Osusp (Orquestra Sinfônica da USP) sábado na Sala São Paulo, sob a
regência do suíço Claude Villaret. No programa, "Werther",
abertura do paulista Alexandre
Levy (1864-1892), "Kindertotenlieder" (canções sobre a morte das crianças), de Gustav Mahler (1860-1911) -com a mezzo-soprano Denise de Freitas-
e "Sinfonia nº 2", de Brahms
(1833-1897).
Inspirado em Goethe, Levy
compôs a abertura -mais próxima de Tchaikovsky do que de
Mendelssohn- quando estudava com o professor de Debussy em Paris.
A "Segunda" de Brahms parte de uma "bordadura", figura
que consiste em sair de uma
nota, mover um passo e voltar.
No "Adágio", seu romantismo
reveste-se de ecos renascentistas, austeridade barroca e leveza clássica. Apesar de algumas
precipitações dos sopros (como
no "poco sostenuto", final do
"Allegretto"), tudo confirma a
evolução da Osusp, que inicia
nova fase sob a direção de Lígia
Amadio. Mas não há como não
notar que metade da orquestra
é composta por convidados.
Mahler escolheu cinco poemas de Friedrich Rückert para
o "Kindertotenlieder", ciclo
cantado pela voz grave, poderosa e cheia de emoção de Denise
de Freitas. A primeira canção
idealiza a perda; a segunda é a
mais wagneriana; a terceira, a
mais tocante, insiste na nota
sol grave; a quarta foi o ponto
alto do concerto; e a quinta
-amplificação do "Erlkönig"
de Schubert?- deságua em
canção de ninar. Villaret achou
o tempo exato: lento no limite,
na tangência entre o tom evocado por Denise e a humanidade puramente sonora da instrumentação mahleriana.
OSUSP
Avaliação: bom
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