São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Crítica/Osusp

Belas interpretações de Mahler e Brahms confirmam evolução da Osusp

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA Uma orquestra concentrada, ensaiada, motivada: foi a Osusp (Orquestra Sinfônica da USP) sábado na Sala São Paulo, sob a regência do suíço Claude Villaret. No programa, "Werther", abertura do paulista Alexandre Levy (1864-1892), "Kindertotenlieder" (canções sobre a morte das crianças), de Gustav Mahler (1860-1911) -com a mezzo-soprano Denise de Freitas- e "Sinfonia nº 2", de Brahms (1833-1897).
Inspirado em Goethe, Levy compôs a abertura -mais próxima de Tchaikovsky do que de Mendelssohn- quando estudava com o professor de Debussy em Paris. A "Segunda" de Brahms parte de uma "bordadura", figura que consiste em sair de uma nota, mover um passo e voltar.
No "Adágio", seu romantismo reveste-se de ecos renascentistas, austeridade barroca e leveza clássica. Apesar de algumas precipitações dos sopros (como no "poco sostenuto", final do "Allegretto"), tudo confirma a evolução da Osusp, que inicia nova fase sob a direção de Lígia Amadio. Mas não há como não notar que metade da orquestra é composta por convidados.
Mahler escolheu cinco poemas de Friedrich Rückert para o "Kindertotenlieder", ciclo cantado pela voz grave, poderosa e cheia de emoção de Denise de Freitas. A primeira canção idealiza a perda; a segunda é a mais wagneriana; a terceira, a mais tocante, insiste na nota sol grave; a quarta foi o ponto alto do concerto; e a quinta -amplificação do "Erlkönig" de Schubert?- deságua em canção de ninar. Villaret achou o tempo exato: lento no limite, na tangência entre o tom evocado por Denise e a humanidade puramente sonora da instrumentação mahleriana.


OSUSP

Avaliação: bom




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