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CRÍTICA
Ator estréia na direção com `love story'
JOSÉ GERALDO COUTO
especial para a Folha
Diante da briga de foice que é hoje no Brasil conseguir um lugar ao
sol no circuito exibidor, os distribuidores de ``Infinity - Um Amor
Sem Limites'' optaram por queimar a etapa das salas de cinema e
lançá-lo direto em vídeo.
O filme marca a estréia do ator
Matthew Broderick na direção.
Seu tema é a história de amor entre
o físico norte-americano Richard
Feynman (o próprio Broderick) e a
aprendiz de artista Arline Greenbaum (Patricia Arquette), que sofre de uma doença incurável.
Seria um romance banal se Feynman não fosse um dos criadores da
primeira bomba atômica norte-americana, nos anos 40.
O filme entrelaça então duas ordens de acontecimentos: a história
de amor propriamente dita e a inserção de Feynman no projeto secreto Los Alamos, que buscava
viabilizar a utilização da energia
atômica num artefato de guerra.
Levando em conta que Feynman
foi um cientista atípico, bem-humorado e iconoclasta (que chegou
a dar aulas no Brasil e ganhou o
Nobel em 1965), seria o caso de esperar um filme divertido e rico em
especulações científicas.
Nada disso. Já a partir de seu recorte temporal -abarca apenas os
anos 30 e 40-, o filme mostra que
seu interesse central, senão único,
é a infeliz história de amor entre
Feynman e Arline.
Todo o resto -a formação intelectual do cientista, sua relação
com os outros físicos (entre eles
Einstein e Oppenheimer), o ambiente social e político dos EUA às
vésperas e durante a guerra, as
questões éticas envolvidas na fabricação da bomba- fica à sombra, quando não é sumariamente
ignorado.
A primeira sequência -Feynman, ainda criança, recebendo de
seu pai autodidata uma aula prática sobre inércia- dá a falsa impressão de que ao longo do filme as
questões da física serão traduzidas
em experiência viva.
Mas Hollywood hoje tem a capacidade de reduzir a maior riqueza
de experiências e idéias às sempre
mesmas duas ou três fórmulas que
se repetem. No caso específico de
``Infinity'', isso significa reduzir
uma existência humana rica e contraditória a uma reiteração de
``Love Story'' num outro cenário.
Cabe ainda comentar essa onda
de atores que se tornam diretores
no cinema americano.
Com raríssimas exceções, eles
apenas repetem o cinema pasteurizado e impessoal do ``mainstream'' hollywoodiano -como se
sua ``assinatura'' consistisse em
fornecer a granel generosos closes
de si mesmos.
Aqui, a única coisa digna de destaque é a bela fotografia de Toyomichi Kurita, que em sua vaga e
poética luminescência lembra os
quadros de Edward Hopper.
Filme: Infinity - Um Amor Sem Limites
Produção: EUA, 1996
Direção: Matthew Broderick
Com: Matthew Broderick, Patricia
Arquette, Peter Riegert
Lançamento: Flashstar (011/255-9911)
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