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Ministro quer o orçamento de 2004 cinco vez maior que o de 2003
Gil pede mais verba para a cultura
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após embate com o secretário
de Comunicação, Luiz Gushiken,
o ministro da Cultura, Gilberto
Gil, inicia hoje no Congresso uma
tentativa de se tornar "o Jack Lang
brasileiro", como ele próprio define, numa referência ao seu equivalente francês nos anos 90.
Gil, em pronunciamento às
9h30 na Comissão de Educação e
Cultura da Câmara, pedirá o empenho dos parlamentares na
quintuplicação da dotação orçamentária de sua pasta já em 2004
-um salto dos atuais R$ 173,4 mi
para cerca de R$ 1 bi.
É uma tentativa de "deslocar o
ministério de um lugar obscuro
para uma posição de vanguarda
no cenário de desenvolvimento
cultural e econômico brasileiro",
como define a primeira versão do
discurso que preparava ontem.
Ministro da Cultura da França
de um governo socialista por dez
anos em dois períodos, Lang não
foi tomado como modelo por acaso. Quando assumiu em 1981,
Lang tinha um orçamento próximo a US$ 500 mi. Deixou a pasta
com um valor cinco vezes maior.
Criticado por amplos setores do
PT desde sua escolha para o cargo, Gil disputava com Gushiken o
poder sobre as verbas aplicadas
por estatais em projetos culturais.
A crise do governo com artistas e
produtores foi exposta na semana
passada, com o secretário de Comunicação saindo desgastado
com seu principal aliado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Gil tenta seu próximo passo inspirado em um personagem de
força de um governo socialista
emblemático para a esquerda, o
de François Miterrand (1981-95).
Apoiador da candidatura de
Fernando Henrique Cardoso em
94, Gil condenará o que chama de
"esvaziamento" da cultura por
políticas neoliberais. Contemporizador após a polêmica com Gushiken sobre a necessidade de contrapartidas sociais para investimento público em cultura, insistirá na importância do papel social
de ações culturais, citando o projeto Refavela, de apoio a manifestações de áreas periféricas. Quer
convencer governo e Congresso
de que o MinC é um instrumento
para um novo ciclo de desenvolvimento econômico do país.
"Carta"
Em texto batizado de "Carta do
Ceará", divulgado ontem, 57 profissionais de cinema pedem o fim
da "concentração de recursos no
eixo Rio-SP e nas mãos de poucos". O objetivo do grupo -do
qual fazem parte o ator Matheus
Nachtergaele e a diretora Florinda
Bolkan- é apoiar e agregar reivindicações a manifesto assinado
na semana passada por mais de 50
cineastas, como Fernando Meirelles, que pede a reformulação da
política de incentivo cultural.
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