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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Ministro quer o orçamento de 2004 cinco vez maior que o de 2003

Gil pede mais verba para a cultura

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após embate com o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, inicia hoje no Congresso uma tentativa de se tornar "o Jack Lang brasileiro", como ele próprio define, numa referência ao seu equivalente francês nos anos 90.
Gil, em pronunciamento às 9h30 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, pedirá o empenho dos parlamentares na quintuplicação da dotação orçamentária de sua pasta já em 2004 -um salto dos atuais R$ 173,4 mi para cerca de R$ 1 bi.
É uma tentativa de "deslocar o ministério de um lugar obscuro para uma posição de vanguarda no cenário de desenvolvimento cultural e econômico brasileiro", como define a primeira versão do discurso que preparava ontem.
Ministro da Cultura da França de um governo socialista por dez anos em dois períodos, Lang não foi tomado como modelo por acaso. Quando assumiu em 1981, Lang tinha um orçamento próximo a US$ 500 mi. Deixou a pasta com um valor cinco vezes maior.
Criticado por amplos setores do PT desde sua escolha para o cargo, Gil disputava com Gushiken o poder sobre as verbas aplicadas por estatais em projetos culturais. A crise do governo com artistas e produtores foi exposta na semana passada, com o secretário de Comunicação saindo desgastado com seu principal aliado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Gil tenta seu próximo passo inspirado em um personagem de força de um governo socialista emblemático para a esquerda, o de François Miterrand (1981-95).
Apoiador da candidatura de Fernando Henrique Cardoso em 94, Gil condenará o que chama de "esvaziamento" da cultura por políticas neoliberais. Contemporizador após a polêmica com Gushiken sobre a necessidade de contrapartidas sociais para investimento público em cultura, insistirá na importância do papel social de ações culturais, citando o projeto Refavela, de apoio a manifestações de áreas periféricas. Quer convencer governo e Congresso de que o MinC é um instrumento para um novo ciclo de desenvolvimento econômico do país.
"Carta"
Em texto batizado de "Carta do Ceará", divulgado ontem, 57 profissionais de cinema pedem o fim da "concentração de recursos no eixo Rio-SP e nas mãos de poucos". O objetivo do grupo -do qual fazem parte o ator Matheus Nachtergaele e a diretora Florinda Bolkan- é apoiar e agregar reivindicações a manifesto assinado na semana passada por mais de 50 cineastas, como Fernando Meirelles, que pede a reformulação da política de incentivo cultural.


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