São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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"BOCCACCIO 70"

Clássico italiano explora sátira social

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE DOMINGO

No início dos anos 60, a Itália era uma das turbinas culturais do mundo e não esta Berluscolândia apática em que se transformou. O cinema era um dos orgulhos do país. Não foi difícil, portanto, reunir em 1961 Mario Monicelli, Federico Fellini, Luchino Visconti e Vittorio de Sica para realizar "Boccaccio 70", inspirado em histórias do "Decameron", clássico literário do século 14.
O filme, em ótima cópia, é uma deliciosa empreitada, bem-sucedida em transferir a sátira social e o erotismo malicioso de Boccaccio para a época moderna. Imaginando que o filme ficaria censurado até os anos 70, os produtores cravaram o título estranho. A censura não ocorreu, e "Boccaccio 70" estreou em 1962.
Em "Renzo & Luciana", Monicelli filma dois operários que precisam esconder seu casamento. Em "As Tentações do Doutor Antônio", Fellini mostra a loucura de um puritano com o outdoor de uma mulher sensual. Visconti faz um drama irônico sobre uma condessa fútil que decide arrumar um trabalho. Em "A Rifa", Vittorio de Sica narra o sorteio, em uma feira de gado, de uma noite de amor com uma gostosona (Sophia Loren, estonteante).
A tentação de comparar os episódios é inevitável. O de Fellini é o mais exuberante e o que cativa o público e a crítica. Mas "O Trabalho", de Visconti, preciso e complexo, é uma obra-prima da narração breve do cinema.


Boccaccio 70
    
Direção: Mario Monicelli, Federico Fellini, Luchino Visconti e Vittorio de Sica
Distribuidora: Versátil



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