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"BOCCACCIO 70"
Clássico italiano explora sátira social
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE DOMINGO
No início dos anos 60, a Itália
era uma das turbinas culturais do mundo e não esta Berluscolândia apática em que se transformou. O cinema era um dos orgulhos do país. Não foi difícil,
portanto, reunir em 1961 Mario
Monicelli, Federico Fellini, Luchino Visconti e Vittorio de Sica para
realizar "Boccaccio 70", inspirado
em histórias do "Decameron",
clássico literário do século 14.
O filme, em ótima cópia, é uma
deliciosa empreitada, bem-sucedida em transferir a sátira social e
o erotismo malicioso de Boccaccio para a época moderna. Imaginando que o filme ficaria censurado até os anos 70, os produtores
cravaram o título estranho. A censura não ocorreu, e "Boccaccio
70" estreou em 1962.
Em "Renzo & Luciana", Monicelli filma dois operários que precisam esconder seu casamento.
Em "As Tentações do Doutor Antônio", Fellini mostra a loucura de
um puritano com o outdoor de
uma mulher sensual. Visconti faz
um drama irônico sobre uma
condessa fútil que decide arrumar
um trabalho. Em "A Rifa", Vittorio de Sica narra o sorteio, em
uma feira de gado, de uma noite
de amor com uma gostosona (Sophia Loren, estonteante).
A tentação de comparar os episódios é inevitável. O de Fellini é o
mais exuberante e o que cativa o
público e a crítica. Mas "O Trabalho", de Visconti, preciso e complexo, é uma obra-prima da narração breve do cinema.
Boccaccio 70
Direção: Mario Monicelli, Federico
Fellini, Luchino Visconti e Vittorio de Sica
Distribuidora: Versátil
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