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ANÁLISE
Novo filme põe talento de Egoyan em questão
DO ENVIADO A CANNES
A pesar do argumento interessante, "Where the Truth
Lies" (onde a verdade engana), de
Atom Egoyan, não decola e, mais
ainda, coloca em questão seu talento, incensado por certa crítica.
Kevin Bacon e Colin Firth fazem
uma dupla de comediantes dos
anos 50, nos EUA, cujo sucesso
termina quando uma garota é
achada morta na banheira da suíte do hotel em que se hospedavam. Quinze anos depois, jornalista tenta descobrir o mistério da
morte e da ruptura dos artistas.
O filme salta o tempo todo dos
anos 50 aos 70, entre memórias e
revelações, ora tomando o ritmo
de um thriller policial, ora de um
drama com veleidades de desmontar as artimanhas da indústria do entretenimento.
O mistério, porém, de tão onipresente, acaba por se impor, no
velho esquema do "whodunit",
tão condenado por Hitchcock,
pois esvazia a observação e monopoliza o interesse do espectador. Quando o segredo é revelado,
o filme desmorona. Sim, o culpado é quem você imaginava, e o
motivo é tão previsível quanto artificial. Se a razão tivesse sido dada no início, mais complexos seriam os personagens e a narrativa.
Pior que o roteiro é a direção,
acadêmica e sem inventividade. É
fácil entender por que o cinema
tão mediano desse canadense impressiona algumas pessoas: por
uma série de truques que usa (como narração em "off" e suspensões "misteriosas" da trama) a
fim de dotar os filmes de certa aura de inteligência e esconder seu
amontoado de clichês.
(ALN)
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