São Paulo, sábado, 14 de maio de 2005

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ANÁLISE

Novo filme põe talento de Egoyan em questão

DO ENVIADO A CANNES

A pesar do argumento interessante, "Where the Truth Lies" (onde a verdade engana), de Atom Egoyan, não decola e, mais ainda, coloca em questão seu talento, incensado por certa crítica.
Kevin Bacon e Colin Firth fazem uma dupla de comediantes dos anos 50, nos EUA, cujo sucesso termina quando uma garota é achada morta na banheira da suíte do hotel em que se hospedavam. Quinze anos depois, jornalista tenta descobrir o mistério da morte e da ruptura dos artistas.
O filme salta o tempo todo dos anos 50 aos 70, entre memórias e revelações, ora tomando o ritmo de um thriller policial, ora de um drama com veleidades de desmontar as artimanhas da indústria do entretenimento.
O mistério, porém, de tão onipresente, acaba por se impor, no velho esquema do "whodunit", tão condenado por Hitchcock, pois esvazia a observação e monopoliza o interesse do espectador. Quando o segredo é revelado, o filme desmorona. Sim, o culpado é quem você imaginava, e o motivo é tão previsível quanto artificial. Se a razão tivesse sido dada no início, mais complexos seriam os personagens e a narrativa.
Pior que o roteiro é a direção, acadêmica e sem inventividade. É fácil entender por que o cinema tão mediano desse canadense impressiona algumas pessoas: por uma série de truques que usa (como narração em "off" e suspensões "misteriosas" da trama) a fim de dotar os filmes de certa aura de inteligência e esconder seu amontoado de clichês. (ALN)


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