São Paulo, quinta, 14 de maio de 1998

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Editora Record passa a ter 3 donos

da Reportagem Local

O presidente da editora Record, Sérgio Machado, disse ontem à Folha que deve comprar a parte da empresa que pertence a seu irmão mais novo, Alfredo Machado Júnior, pivô das desavenças entre os herdeiros de um dos maiores grupos editoriais da América Latina.
As negociações serão definidas nos próximos dias, mas a hipótese de venda da editora não está descartada. "Quem está no mercado não pode dizer que não vende, mas está 99% certo que eu e a Sônia (também irmã e diretora financeira) compraremos a parte dele", disse Machado.
Cada um dos três irmãos detêm hoje 20% das ações da Record. Os outros 40% estão em mãos da matriarca, Glória Machado.
Sérgio diz que a solução encontrada busca "preservar a relação familiar". Ele disse que há um "problema filosófico" entre os irmãos, causado pela insatisfação de Alfredo Machado Júnior com os rumos da editora, desde que sofreu um infarto.
"Eu não sei realmente o que ele deseja. Mas eu quero proteger os interesses da terceira geração", afirmou Machado. A terceira geração da família é composta por sete pessoas entre 6 e 25 anos de idade.
Quem vem conduzindo o processo é a mãe, Glória. No início do ano, o patrimônio da Record foi avaliado pelos consultores da Ernst Young, e há três meses o Banco Icatu foi convocado para confirmar a avaliação.
O editor evita falar em números desde que a irmã Sônia foi sequestrada, em outubro do ano passado. "Os sequestradores diziam a ela que eu tinha falado nos jornais sobre uma arrecadação de R$ 3 milhões na Bienal do Rio e perguntavam pelo dinheiro", disse Machado.
A Record edita hoje alguns dos maiores best sellers brasileiros e estrangeiros, como Jorge Amado, Gabriel García Márquez, Hermann Hesse e Mario Puzo. Entre eles, 13 prêmios Nobel.
São mais de 3.000 títulos, com tiragem anual total de 6 milhões de livros, segundos dados da editora. Em dezembro de 96, a Record também assumiu o controle acionário da BCD Editores, que inclui a Civilização Brasileira, Bertrand Brasil e Difel.
Sobre os rumores de que a empresa alemã Bertelsmann, gigante do mercado editorial, estaria interessada em adquirir a Record, Machado disse que não foi procurado pela editora.



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