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Filme cai no moralismo
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
"Studio 54" é mais uma etapa
nessa revisão dos anos 70 que está
assolando Hollywood nas últimas
temporadas. Perto de algumas
grandes fitas dessa safra como
"Jackie Brown" e "Boogie Nights",
a cinebiografia da casa noturna
mais famosa daquela época não
consegue ir além de boa reconstituição de penteados e modelitos.
Falta substância, falta uma boa
história. A idéia de misturar um
personagem real -Steve Rubell,
dono do Studio 54- e vários ficcionais -os empregados da casa e
uma atriz atrás da fama- cai na
manjada fórmula moralista "bons
garotos ficam iludidos pelo brilho
do sucesso, mas recuperam valores
morais e voltam a ser gente boa".
Talvez o diretor e roteirista Mark
Christopher tivesse melhores resultados com o foco centrado na figura de Rubell, que já tem uma história bem interessante. Pelo seu
sucesso na noite, deve ter sido uma
figura bem mais fascinante do que
a caricata interpretação de Mike
Myers, que prova aqui não ser
ruim apenas na comédia.
Mas o herói (?) do filme é Shane
O'Shea, interpretado pelo bonitão
da hora Ryan Phillippe, nome cotado para os projetos mais quentes
dos próximos meses -inclusive o
encantado "Homem-Aranha", de
James "Titanic" Cameron.
Garotão simplório, Shane consegue um emprego de garçom no
Studio 54, lugar que ele mitificava
porque uma das frequentadoras
assíduas é a starlet Julie Black (Neve Campbell, de "O Quinteto").
Logo na primeira noite de trabalho, Shane descobre que suas atividades incluem passar drogas para
os fregueses e transar com alguns
no escurinho dos balcões da casa.
A trama põe lado a lado o deslumbramento crescente de Shane e
a decadência de Rubell, cada vez
mais perdido entre drogas e problemas com os impostos. O garoto
consegue fazer sucesso, escapar do
assédio homossexual de Rubell,
flertar com as drogas e conhecer a
tão admirada Julie Black.
As idas e vindas do roteiro são
previsíveis, e chega a ser irritante a
confiança que o espectador tem na
integridade de Shane. É palpável a
sensação de que, a qualquer momento, ele vai largar aquele mundo "louco" e voltar a ser o que era.
Não existe nem sequer o perigo
das más influências, já que seus
melhores amigos também são um
poço de integridade -outro garçom e a moça da chapelaria com
vontade de ser cantora disco, interpretada pela insinuante Salma
Hayek.
Os créditos finais do filme são
acompanhados de uma longa sequência de fotografias reais feitas
no Studio 54 durante os anos 70.
O desfile de celebridades é monumental, flagrando conversas de
Sylvester Stallone, Robert DeNiro,
John Travolta, Mick Jagger... Destaque para a foto de Bianca Jagger,
então mulher do stone, entrando
na discoteca montada num cavalo.
Ali, finalmente, o espectador tem
idéia da importância da casa na cena dos anos 70, o que o resto do filme tenta mostrar, sem sucesso.
Avaliação:
Filme: Studio 54
Produção: EUA/99
Direção: Mark Christopher
Com: Ryan Phillippe, Salma Hayek, Neve
Campbell e Mike Myers
Quando: a partir de hoje, no Cinearte 2
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