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CRÍTICA
Pena que você não vai ver
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Parabéns , distribuidor brasileiro, você conseguiu de novo: "Small Time Crooks" já é o
terceiro filme de Woody Allen na
fila sem previsão de estréia no
país. Meus pêsames, espectador
brasileiro: você está sendo privado de um dos filmes mais engraçados dos últimos tempos, e não
há nada que se possa fazer...
Primeiro foi "Celebrity", de
1998, um excelente "La Dolce Vita" do diretor nova-iorquino, mas
parece que nem a presença do astro Leonardo DiCaprio no elenco
sensibilizou os donos da bola no
Brasil. (Este, pelo menos, você já
pode pedir em vídeo pelo site
www.amazon.com)
Depois, a obra-prima "Sweet
and Lowdown" (1999), em que
Woody Allen faz sua primeira "cinebiografia", com o detalhe de
que o personagem principal é inventado por ele mesmo, embora
seja uma homenagem a alguns
músicos de jazz dos anos 30, especialmente o guitarrista cigano
Django Reinhardt.
Valeu a Sean Penn uma mais do
que merecida indicação ao Oscar
de melhor ator deste ano, mas
nem assim...
Trapaceiros de meia-tigela
Agora, com "Small Time
Crooks" (Trapaceiros de Meia-Tigela), ainda em cartaz em Nova
York, Woody Allen faz as pazes
com o sucesso e com o humor
rasgado dos tempos de seus "Um
Assaltante Bem Trapalhão" e "Bananas", quando ele ainda não tinha visto todos os títulos de Ingmar Bergman três vezes cada um,
frente e verso.
No filme, que arrecadou US$ 3,9
milhões só no fim-de-semana de
estréia, Woody Allen é Ray, um
ex-preso casado com a ex-stripper Frenchy (Tracey Ullman), que
tem uma idéia genial para ambos
mudarem de vida: alugar uma loja vazia ao lado de um banco, fazer um túnel e roubar o dinheiro
do cofre.
Ray reúne no subsolo seus amigos, uma turma de perdedores
que lembra os irmãos Marx, e coloca sua mulher e a prima dela para fazerem e venderem biscoito
no andar de cima.
Acontece que os ladrões de
meia-pataca cavam o túnel na direção errada e não conseguem
roubar nada.
Enquanto isso, porém, a loja de
biscoitos da mulher vira um sucesso nacional, e o bando fica rico
mesmo assim.
Com o dinheiro no banco, a dupla se transforma no casal emergente do momento -e é aí que o
filme cresce.
Enquanto Ray só quer assistir
beisebol na TV, tomar cerveja e
vestir as roupas mais hilariantemente cafonas que o cinema já
mostrou, Frenchy quer cultura,
quer se "ilustrar".
Para isso, adota o canalha refinado David (Hugh Grant, mais
uma vez no papel de Hugh
Grant), que vai levá-la a museus,
jantares, concertos e arrancar dela
tudo o que conseguir.
Não dá para contar o final sem
estragar tudo, mas dá para dizer
que é uma comédia como há muito tempo não se via -leve, ingênua, simples.
Você, caro leitor, não poderá vê-la por enquanto: os distribuidores
têm de guardar as salas para exibir "Vovó...zona".
Small Time Crooks
Direção: Woody Allen
Produção: EUA, 2000
Com: Woody Allen, Tracey Ullman,
Hugh Grant, Jon Lovitz, Michael
Rapaport e outros
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