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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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Brasileiro criou "escola nova", diz Lévi-Strauss

DA REPORTAGEM LOCAL

Claude Lévi-Strauss, 94, pai fundador da antropologia estruturalista e provavelmente o mais renomado pensador vivo, aceitou responder por fax a cinco questões da Folha sobre o trabalho de Eduardo Viveiros de Castro. Sem se estender nas respostas, terminou por produzir uma espécie de carta de apresentação do antropólogo brasileiro. Nela, diz que Viveiros de Castro é o fundador de uma nova escola de pensamento.
Para o ex-professor da USP (lecionou na então recém-formada Faculdade de Filosofia, durante a década de 30), etnógrafo de índios brasileiros e inspirador ocasional de versos para Caetano Veloso, o pesquisador "elevou a antropologia brasileira ao primeiríssimo patamar mundial".
Após receber as perguntas, Lévi-Strauss disse que não desejava dizer nada sobre duas delas: "Podem os índios da Amazônia ensinar filosofia aos franceses?" e "Viveiros de Castro ultrapassa a sua teoria?". Leia a seguir a íntegra da carta do antropólogo francês:
"Eu tenho o pensamento e a obra de Eduardo Viveiros de Castro em alta consideração. Por seus textos e seu ensino, ele elevou a antropologia brasileira ao primeiríssimo patamar mundial. Ele não é apenas um admirável etnógrafo. Ninguém melhor do que ele, entre seus pares, soube formular sobre o pensamento ameríndio teses tão originais e profundas. Viveiros de Castro deu, assim, às pesquisas de campo um alcance filosófico do qual o conjunto das ciências humanas poderá se beneficiar.
Não tenho curiosidade de me indagar se Viveiros de Castro é ou não estruturalista. Ele não pertence a nenhuma escola: ele fundou uma escola nova. Tudo o que posso dizer é que, pessoalmente, senti-me sempre em harmonia intelectual com tudo o que ele escreveu." (RC)


Colaborou Cíntia Cardoso, da Reportagem Local


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