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Brasileiro criou "escola nova", diz Lévi-Strauss
DA REPORTAGEM LOCAL
Claude Lévi-Strauss, 94,
pai fundador da antropologia estruturalista e provavelmente o mais renomado
pensador vivo, aceitou responder por fax a cinco questões da Folha sobre o trabalho de Eduardo Viveiros de
Castro. Sem se estender nas
respostas, terminou por
produzir uma espécie de
carta de apresentação do antropólogo brasileiro. Nela,
diz que Viveiros de Castro é
o fundador de uma nova escola de pensamento.
Para o ex-professor da
USP (lecionou na então recém-formada Faculdade de
Filosofia, durante a década
de 30), etnógrafo de índios
brasileiros e inspirador ocasional de versos para Caetano Veloso, o pesquisador
"elevou a antropologia brasileira ao primeiríssimo patamar mundial".
Após receber as perguntas,
Lévi-Strauss disse que não
desejava dizer nada sobre
duas delas: "Podem os índios da Amazônia ensinar filosofia aos franceses?" e "Viveiros de Castro ultrapassa a
sua teoria?". Leia a seguir a
íntegra da carta do antropólogo francês:
"Eu tenho o pensamento e
a obra de Eduardo Viveiros
de Castro em alta consideração. Por seus textos e seu ensino, ele elevou a antropologia brasileira ao primeiríssimo patamar mundial. Ele
não é apenas um admirável
etnógrafo. Ninguém melhor
do que ele, entre seus pares,
soube formular sobre o pensamento ameríndio teses tão
originais e profundas. Viveiros de Castro deu, assim, às
pesquisas de campo um alcance filosófico do qual o
conjunto das ciências humanas poderá se beneficiar.
Não tenho curiosidade de me indagar se Viveiros de Castro é ou não estruturalista. Ele não pertence a nenhuma escola: ele fundou uma escola nova. Tudo o que posso dizer é que, pessoalmente, senti-me sempre em harmonia intelectual com tudo o que ele escreveu."
(RC)
Colaborou Cíntia Cardoso, da
Reportagem Local
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