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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra, que está em sua 50ª edição, será inaugurada amanhã e contará com 350 artistas do mundo todo

Conflitos dominam Bienal de Veneza

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Primeira imagem: notas de dólar xerocadas na parede com marcas vermelho-sangue por cima, autor desconhecido. Segunda imagem: pessoas sentadas em cima de troncos de árvore, solitárias, e, em baixo, um texto que afirma "Igreja do Medo - Nós não acreditamos em nada", obra do alemão performático Christoph Schlingensief. Terceira imagem: modelos desfilam com roupas nas quais se lê "Moda Antibala", da artista espanhola Alicia Framis, parte do grupo We Are the World, no pavilhão holandês.
Essas são as três primeiras cenas de quem entra no Giardini della Biennale, o espaço mais tradicional da 50ª Bienal de Artes Visuais de Veneza, que é inaugurada amanhã, na Itália, com curadoria geral de Francesco Bonami.
Com o tema "Sonhos e Conflitos. A Ditadura do Observador", a mostra parece dizer algo óbvio no contexto pós-11 de setembro: estamos na era do conflito.
O curador Okvui Envezor, responsável pela Documenta de Kassel, realizada no ano passado, arrisca um outro palpite sobre por que alguns artistas polarizam e privilegiaram tanto apenas um dos temas da mostra: "Quando se cria uma dicotomia, dois pontos são sempre absolutizados e, assim, há pouco a refletir sobre o que pode existir entre eles. Um sempre será mais forte", disse à Folha.
Com cerca de 350 artistas, esta é a edição mais superlativa já realizada, a começar do time de curadores assistentes, num total de 11, responsáveis por 11 mostras que formam "um arquipélago de exposições", na concepção do italiano Bonami.

Leão de Ouro
O Brasil é um dos 65 países que concorrem ao Leão de Ouro e é representado por Beatriz Milhazes e Rosângela Rennó, seleção do alemão Alfons Hug, curador da próxima Bienal de São Paulo.
"Busquei respeitar o tema "Sonhos e Conflitos", pois ambos os trabalhos carregam essas idéias", disse Hug, em Veneza.
Outros seis artistas brasileiros participam da Bienal: Cildo Meireles, Marepe, Fernanda Gomes, Hélio Oiticica e Alexandre da Cunha, na mostra "A Estrutura da Sobrevivência", do curador argentino Carlos Basualdo, além de Rivane Neuenschwander, em "Atrasos e Revoluções", organizada pelo próprio Bonami com Daniel Birnbaum.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da associação BrasilConnects


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