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ARTES PLÁSTICAS
Mostra, que está em sua 50ª edição, será inaugurada amanhã e contará com 350 artistas do mundo todo
Conflitos dominam Bienal de Veneza
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
Primeira imagem: notas de dólar xerocadas na parede com marcas vermelho-sangue por cima,
autor desconhecido. Segunda
imagem: pessoas sentadas em cima de troncos de árvore, solitárias, e, em baixo, um texto que
afirma "Igreja do Medo - Nós não
acreditamos em nada", obra do
alemão performático Christoph
Schlingensief. Terceira imagem:
modelos desfilam com roupas nas
quais se lê "Moda Antibala", da
artista espanhola Alicia Framis,
parte do grupo We Are the
World, no pavilhão holandês.
Essas são as três primeiras cenas
de quem entra no Giardini della
Biennale, o espaço mais tradicional da 50ª Bienal de Artes Visuais
de Veneza, que é inaugurada
amanhã, na Itália, com curadoria
geral de Francesco Bonami.
Com o tema "Sonhos e Conflitos. A Ditadura do Observador", a
mostra parece dizer algo óbvio no
contexto pós-11 de setembro: estamos na era do conflito.
O curador Okvui Envezor, responsável pela Documenta de Kassel, realizada no ano passado, arrisca um outro palpite sobre por
que alguns artistas polarizam e
privilegiaram tanto apenas um
dos temas da mostra: "Quando se
cria uma dicotomia, dois pontos
são sempre absolutizados e, assim, há pouco a refletir sobre o
que pode existir entre eles. Um
sempre será mais forte", disse à
Folha.
Com cerca de 350 artistas, esta é
a edição mais superlativa já realizada, a começar do time de curadores assistentes, num total de 11,
responsáveis por 11 mostras que
formam "um arquipélago de exposições", na concepção do italiano Bonami.
Leão de Ouro
O Brasil é um dos 65 países que
concorrem ao Leão de Ouro e é
representado por Beatriz Milhazes e Rosângela Rennó, seleção do
alemão Alfons Hug, curador da
próxima Bienal de São Paulo.
"Busquei respeitar o tema "Sonhos e Conflitos", pois ambos os
trabalhos carregam essas idéias",
disse Hug, em Veneza.
Outros seis artistas brasileiros
participam da Bienal: Cildo Meireles, Marepe, Fernanda Gomes,
Hélio Oiticica e Alexandre da Cunha, na mostra "A Estrutura da
Sobrevivência", do curador argentino Carlos Basualdo, além de
Rivane Neuenschwander, em
"Atrasos e Revoluções", organizada pelo próprio Bonami com Daniel Birnbaum.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da associação BrasilConnects
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