São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Herchcovitch desconstrói o homem para as mulheres

Estilista mescla dramaticidade latina e espírito rocker numa coleção inspirada em smokings; Fause Haten busca referências no universo infantil

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A evolução e o amadurecimento criativos de Alexandre Herchcovitch deram à temporada primavera/verão 2008 da São Paulo Fashion Week uma abertura digna de qualquer semana de moda do mundo.
O estilista fez o primeiro desfile da temporada no prédio da Bienal -a abertura oficial, no entanto, foi com a apresentação de Fause Haten, no shopping Iguatemi- e mostrou uma coleção inteligente, de forte dramaticidade e muito sofisticada, tendo como bases a desconstrução do guarda-roupa masculino e uma visão renovada e moderna da exuberância latina, com referências espanholas e um quê de tango argentino.
A elegância da mulher proposta por Herchcovitch é construída sobre uma cartela enxuta, em tons de preto, branco e vermelho, com algumas interferências do verde-fluor (como no look-fundamento de Geanine Marques) e do cáqui.
Apenas uma estampa, discreta, apareceu em dois looks. Mas, mesmo sofisticado, Herchcovitch não envelheceu: a imagem do desfile ainda ecoa, sim, seu DNA ousado e pop, com fortes referências ao rock. Esta inspiração aparece tanto nas cores quanto no uso irreverente da alfaiataria e na atitude forte.
O elemento masculino foi muito bem trabalhado, como se as mulheres pudessem incoroporar às suas curvas e delicadeza toda a testosterona contida em em blazers, ternos e smokings- esses últimos, transformados em saias, tops e vestidos. Uma coleção direta, que diz a que veio logo de cara e mantém sua consistência temática e de pensamento até o último look.
Em uma passarela decorada com grandes unicórnios, Fause Haten evocou o universo das histórias infantis em sua coleção. O desfile começou bem, com looks mais casuais, como os macacões volumosos com estampas de bolotas, mas enveredou para séries de vestidos muito complicados, às vezes em cetim de cores fortes, especialmente os nos tons pele, que não deram certo.
Melhores foram o longo marinho com estampinhas de unicórnios e as peças de inspiração masculina. No masculino em si, ternos e camisas muito bem acabados, mas sem grande novidade.
Brincando com os efeitos da luz, a Uma, de Raquel Davidowicz, apostou em tecidos com desenhos tipo vitral vazados, em tecidos transparentes e em estampas de efeitos flúor.
No masculino, menos inspirado, destaque para os tênis decorados com pintura à mão. O feminino, apesar de alguns bons tops e bermudas vazados, começou mais construído -também com referências ao guarda-roupa masculino-, mas passou para formas amplas e desestruturadas, gerando uma certa indefinição de silhueta que enfraqueceu o desfile.


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