São Paulo, segunda, 14 de julho de 1997.



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MÚSICA
O pianista é o solista convidado da Orquestra Sinfônica Brasileira, que faz apresentação hoje, às 21h
Nelson Freire toca Beethoven no Municipal

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

O pianista Nelson Freire é o solista convidado do concerto que a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), regida por Roberto Tibiriçá, apresenta às 21h de hoje no Teatro Municipal.
Freire toca os concertos nš 3 e 4, de Beethoven, ou "o dia e a noite", como gosta de dizer.
"São concertos bem diferentes", explica. "O terceiro, que eu nunca toquei em São Paulo, mostra um Beethoven mais humano, mais otimista."
Já o quarto -um dos preferidos do pianista- é mais "transcendental". "É uma obra mais filosófica, mais profunda -um dos concertos mais perfeitos do repertório."
O pianista volta a São Paulo em novembro, quando se apresenta com a Filarmônica de Estrasburgo (França) na temporada do Cultura Artística.
Na mesma época, estará sendo relançado o CD com obras de Villa-Lobos que o pianista gravou pela Teldec, incluindo o célebre "Rudepoema".
O programa será completado pela Sinfonia nš 5, de Tchaikovski. Sediada no Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica Brasileira, fundada em 1944, faz uma rara apresentação em São Paulo.
Crise
O cachê dos músicos da orquestra gira em torno dos R$ 25 mil.
De acordo com seu diretor artístico, o regente paulistano Roberto Tibiriçá, a OSB está em crise.
"Estamos passando o chapéu. Somos a única orquestra privada do Brasil vivendo de patrocínios e doações".
"Nosso antigo presidente, Mário Henrique Simonsen, ficou doente durante dois anos, o que praticamente paralisou as coisas no período", diz o regente. "Seu substituto, Roberto César de Andrade, assumiu há pouco tempo".
Atualmente, a OSB conta com 70 integrantes, com piso salarial de mil reais.
"O efetivo é pequeno e o salário é baixo, mas prometemos muita garra e união para superar esse momento difícil que a orquestra está passando", afirma o maestro.
A crise ameaça o próprio Tibiriçá. Manobras de bastidores articulam sua substituição pelo argentino Yeruham Sharowsky.
João Carlos Alvim Correa, superintendente da OSB, desmente a troca. "Não se discute a posição do Tibiriçá. Sharowsky é um excelente músico, que já regeu a OSB como convidado e continuará regendo nas próximas temporadas. Só isso. O resto é fofoca."

Concerto: Nelson Freire (piano) e Orquestra Sinfônica Brasileira Quando: Hoje, às 21h Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 011/222-8698) Quanto: de R$ 5,00 a R$ 25,00



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