São Paulo, segunda, 14 de julho de 1997.



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Earth, Wind & Fire dá lição de música

PAULO VIEIRA
enviado especial a Montreux

Não importa que a banda Earth, Wind & Fire esteja lançando disco novo exatamente hoje na Europa. Não importa tampouco que este disco passe despercebido, assim como todos os outros feitos pelo grupo nos últimos 15 anos.
Assistir a um show da banda, como tiveram oportunidade os que foram ao auditório Stravinski, em Montreux, na última sexta-feira, é tomar uma lição de música pop exata e de entretenimento como talvez ninguém mais seja capaz de ministrar.
Sem Maurice White, o homem, o mito, o fundador da banda (que leva esse nome porque White tem fogo, terra e ar em seu signo, sagitário), o EWF pode passar como um grupo que toca covers de si mesmo.
Phillip Bailey, cujo falsete pode já não alcançar o céu ("Keep Your Head to the Sky"), perdeu o viço, mas nem por isso vai atrasar o tempo da música, interrompê-la para invocar o concurso da platéia, sentar no palco.
Além dele, sobraram do time principal o irmão de Maurice, Verdine White (baixo), e o baterista Ralph Johnson.
Bailey, como todos da banda, dança o tempo todo, canta muito, chega a agudos ainda absurdos. É bastante proficiência junta, especialmente para quem já sabe que teve seu tempo há 25 anos.
O show foi um desfile de hits -"Let's Groove", "Fantasy", "Devotion", "Boogie Wonderland", "September" e outros tantos. No início, o EWF chegou a tocar novas músicas, mas, sem dar intervalo entre elas, passou logo para os sucessos.
Não é possível pedir para o EWF sair do programa, exigir a liberdade, por exemplo, da atração preliminar de sexta, Larry Graham (leia texto nesta página).
É tudo correto, roteirizado. Poderia soar como um show de Michael Jackson. Mas há duas diferenças: o grupo está imerso na decadência -tão fora do tempo quanto Supertramp, que também tocou em Montreux- e sua música tem arranjos pop perfeitos.
Assim, um naipe de apenas três metais, quatro vocalistas/percussionistas e um guitarrista que é capaz de fazer um número inteiro com um vocover bastam para executar os arranjos geniais de Maurice. É muito.
Não dá para criticar a adoção da dupla de bailarinas, duas negras gostosíssimas e lânguidas e cujo objetivo, guardadas as proporções, é o mesmo de Carla Perez.
Com um pouco de esforço, dá até para acreditar no que Bailey disse antes do show: "Não estamos aqui juntos pelo dinheiro, mas para levar o EWF para lugares onde ele ainda não esteve".


O jornalista Paulo Vieira viajou a convite da EMI, PolyGram, WEA e Tag Heuer


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