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Earth, Wind & Fire dá lição de música
PAULO VIEIRA
enviado especial a Montreux
Não importa que a banda Earth,
Wind & Fire esteja lançando disco
novo exatamente hoje na Europa.
Não importa tampouco que este
disco passe despercebido, assim
como todos os outros feitos pelo
grupo nos últimos 15 anos.
Assistir a um show da banda, como tiveram oportunidade os que
foram ao auditório Stravinski, em
Montreux, na última sexta-feira, é
tomar uma lição de música pop
exata e de entretenimento como
talvez ninguém mais seja capaz de
ministrar.
Sem Maurice White, o homem, o
mito, o fundador da banda (que
leva esse nome porque White tem
fogo, terra e ar em seu signo, sagitário), o EWF pode passar como
um grupo que toca covers de si
mesmo.
Phillip Bailey, cujo falsete pode
já não alcançar o céu ("Keep Your
Head to the Sky"), perdeu o viço,
mas nem por isso vai atrasar o
tempo da música, interrompê-la
para invocar o concurso da platéia, sentar no palco.
Além dele, sobraram do time
principal o irmão de Maurice,
Verdine White (baixo), e o baterista Ralph Johnson.
Bailey, como todos da banda,
dança o tempo todo, canta muito,
chega a agudos ainda absurdos. É
bastante proficiência junta, especialmente para quem já sabe que
teve seu tempo há 25 anos.
O show foi um desfile de hits
-"Let's Groove", "Fantasy",
"Devotion", "Boogie Wonderland", "September" e outros
tantos. No início, o EWF chegou a
tocar novas músicas, mas, sem dar
intervalo entre elas, passou logo
para os sucessos.
Não é possível pedir para o EWF
sair do programa, exigir a liberdade, por exemplo, da atração preliminar de sexta, Larry Graham (leia
texto nesta página).
É tudo correto, roteirizado. Poderia soar como um show de Michael Jackson. Mas há duas diferenças: o grupo está imerso na decadência -tão fora do tempo
quanto Supertramp, que também
tocou em Montreux- e sua música tem arranjos pop perfeitos.
Assim, um naipe de apenas três
metais, quatro vocalistas/percussionistas e um guitarrista que é capaz de fazer um número inteiro
com um vocover bastam para executar os arranjos geniais de Maurice. É muito.
Não dá para criticar a adoção da
dupla de bailarinas, duas negras
gostosíssimas e lânguidas e cujo
objetivo, guardadas as proporções, é o mesmo de Carla Perez.
Com um pouco de esforço, dá
até para acreditar no que Bailey
disse antes do show: "Não estamos aqui juntos pelo dinheiro,
mas para levar o EWF para lugares
onde ele ainda não esteve".
O jornalista Paulo Vieira viajou a convite da
EMI, PolyGram, WEA e Tag Heuer
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