São Paulo, segunda, 14 de julho de 1997.



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DANÇA
Verão francês aponta para a globalização

ANA FRANCISCA PONZIO
em Montpellier

A coreógrafa norte-americana Twyla Tharp apresentando-se ao lado de grupos de danças tradicionais do Camboja, no Festival de Montpellier, na França, mostra que a globalização está atingindo a dança. De agora em diante, o isolamento de certas regiões pode estar chegando ao fim.
Assim como o Festival de Montpellier (de 22 de junho a 5 de julho), o Festival de Dança de Chateauvallon, que se estende até o final deste mês, está sintonizado com as terras distantes. O evento incluiu na programação atrações do Japão, além de uma franco-brasileira, a Companhia Castafiore, dirigida por Marcia Barcellos, paulistana que vive na França. Ela apresentou "Almach Bruitax", espetáculo que pode estrear temporada em São Paulo em outubro.
Equívoco
A partir de Montpellier, uma sucessão de espetáculos vêm ocorrendo pelo país, atestando que a dança contemporânea não está ameaçada, como se comenta nos meios culturais franceses.
Para completar a fartura de espetáculos, também o Festival de Avignon, voltado para o teatro, traz várias estréias de coreografias assinadas por nomes como Angelin Preljocaj e Catherine Diverrs, autora que se inspira no Oriente. Até o dia 31 deste mês, a dança em Avignon também mostra, entre outros, espetáculos de Joille Bouvier e Régis Obadia.
"O Próximo e o Distante", tema do Festival de Montpellier neste ano, procura mostrar uma das tendências da dança francesa.
Segundo o organizador do festival, Jean-Paul Montanari, essa temática revela uma condição paradoxal dos novos criadores. "Ao mesmo tempo que se voltam para sua própria natureza, transformando seus estúdios em laboratórios onde se trancam em busca de linguagens pessoais, os coreógrafos atuais também estão voltados para as culturas distantes", diz.
Por isso, Montpellier está promovendo um encontro entre grupos e criadores de países como Camboja, Vietnã, África, Colômbia, Japão, China, Índia e Rússia.
Com resultados surpreendentes, essa aproximação de pólos opostos tem revelado espetáculos de ótima qualidade, realizados em parceria entre coreógrafos franceses e estrangeiros. Um deles, protagonizado por adolescentes da Escola de Danças de Moscou, mostrou bailarinas formadas no mais puro estilo acadêmico interpretando obras de autores contemporâneos como Daniel Larrieu e Karine Saporta.


A jornalista Ana Francisca Ponzio viajou a convite do evento "Comfort em Dança"


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