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TV
Canal, que investiu R$ 4 milhões na criação do instituto de medição de audiência, só pagará as pesquisas até o fim de julho
Sem SBT, Datanexus deve fechar as portas
DA REPORTAGEM LOCAL
O Datanexus, instituto de medição de audiência lançado oficialmente há seis meses, deverá fechar suas portas no fim de julho.
A empresa foi criada há um ano
graças a um investimento de R$ 4
milhões feito por Silvio Santos.
Até hoje, o SBT continuava como
seu único cliente, pagando R$ 160
mil por mês pelas pesquisas, segundo Carlos Novaes, diretor presidente do Datanexus. O contrato
venceu no último dia 30 e não será
renovado. A emissora só garantirá as despesas até o final do mês.
Novaes disse à Folha que o Datanexus só não fechará se o SBT
voltar atrás ou se outras emissoras decidirem comprar suas pesquisas, com um custo mensal em
torno de R$ 50 mil. O SBT informa oficialmente que não mudará
sua decisão. E as outras redes, segundo a Folha apurou, não pretendem assinar com o instituto.
Novaes afirma que teve reunião
com a direção da Band, Rede TV!
e Record, mas não conseguiu vender suas pesquisas. "Essa decisão
das emissoras é muito mais política do que financeira", diz.
Para ele, o mercado está acomodado com a situação de monopólio do Ibope, único a medir audiência de televisão no Brasil desde 1954. "Alguns de nossos resultados são diferentes dos do Ibope,
e o mercado não está disposto a,
ao menos, debater as diferenças."
No Datanexus, a Globo chega a
ter de oito a dez pontos percentuais a menos do que no Ibope.
SBT e Cultura (da qual Novaes já
foi consultor) apresentam mais
audiência no Datanexus.
"É uma ironia que justo as duas
emissoras com as quais tenho ligação apresentem mais audiência
no Datanexus. Isso não é um problema, porque meu trabalho é sério, e o mercado sabe disso."
As diferenças de resultado, segundo Novaes, se explicam em razão das distintas metodologias
aplicadas pelos dois institutos.
Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia, diz que o monopólio na medição de audiência
é uma opção do próprio mercado.
"Essa não é a primeira vez que
algum instituto tenta concorrer
com o Ibope, mas o mercado já
demonstrou não ter fôlego para
manter duas medições de audiência. Isso é uma tendência também
em outros países", afirma.
Segundo ela, o monopólio não
parece ser um problema para as
emissoras. "Nossa relação é muito profissional. Desde 1998, as redes de TV e agências de publicidade fazem auditorias regulares no
Ibope", afirma Câmara.
O SBT também continua como
cliente do Ibope.
(LAURA MATTOS)
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