São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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TV

Canal, que investiu R$ 4 milhões na criação do instituto de medição de audiência, só pagará as pesquisas até o fim de julho

Sem SBT, Datanexus deve fechar as portas

DA REPORTAGEM LOCAL

O Datanexus, instituto de medição de audiência lançado oficialmente há seis meses, deverá fechar suas portas no fim de julho.
A empresa foi criada há um ano graças a um investimento de R$ 4 milhões feito por Silvio Santos. Até hoje, o SBT continuava como seu único cliente, pagando R$ 160 mil por mês pelas pesquisas, segundo Carlos Novaes, diretor presidente do Datanexus. O contrato venceu no último dia 30 e não será renovado. A emissora só garantirá as despesas até o final do mês.
Novaes disse à Folha que o Datanexus só não fechará se o SBT voltar atrás ou se outras emissoras decidirem comprar suas pesquisas, com um custo mensal em torno de R$ 50 mil. O SBT informa oficialmente que não mudará sua decisão. E as outras redes, segundo a Folha apurou, não pretendem assinar com o instituto.
Novaes afirma que teve reunião com a direção da Band, Rede TV! e Record, mas não conseguiu vender suas pesquisas. "Essa decisão das emissoras é muito mais política do que financeira", diz.
Para ele, o mercado está acomodado com a situação de monopólio do Ibope, único a medir audiência de televisão no Brasil desde 1954. "Alguns de nossos resultados são diferentes dos do Ibope, e o mercado não está disposto a, ao menos, debater as diferenças."
No Datanexus, a Globo chega a ter de oito a dez pontos percentuais a menos do que no Ibope. SBT e Cultura (da qual Novaes já foi consultor) apresentam mais audiência no Datanexus.
"É uma ironia que justo as duas emissoras com as quais tenho ligação apresentem mais audiência no Datanexus. Isso não é um problema, porque meu trabalho é sério, e o mercado sabe disso."
As diferenças de resultado, segundo Novaes, se explicam em razão das distintas metodologias aplicadas pelos dois institutos.
Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia, diz que o monopólio na medição de audiência é uma opção do próprio mercado.
"Essa não é a primeira vez que algum instituto tenta concorrer com o Ibope, mas o mercado já demonstrou não ter fôlego para manter duas medições de audiência. Isso é uma tendência também em outros países", afirma.
Segundo ela, o monopólio não parece ser um problema para as emissoras. "Nossa relação é muito profissional. Desde 1998, as redes de TV e agências de publicidade fazem auditorias regulares no Ibope", afirma Câmara.
O SBT também continua como cliente do Ibope.
(LAURA MATTOS)


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