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HQ
Série em três volumes conta a vida do principal quadrinista japonês, criador de "Astro Boy" e "A Princesa e o Cavaleiro"
Biografia vê como Osamu Tezuka moldou o mangá
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Conhecido no Japão como
"manga no kamisama" (o deus
dos quadrinhos), Osamu Tezuka
(1928-89) deixou sua "bíblia" de
mais de 150 mil páginas de mangás e 60 filmes de animação para
um povo que, hoje, produz, consome e exporta mais quadrinhos
do que qualquer outro no mundo.
A partir de publicações autobiográficas como "As Palavras que
me Construíram" (1970) e de uma
série de rascunhos realizados pelo
artista desde a sua infância, seus
antigos companheiros de estúdio
realizaram este "Osamu Tezuka
- Uma Biografia Mangá", homenagem póstuma ao autor e criador de clássicos como "Astro
Boy" e "A Princesa e o Cavaleiro".
Narrada por Toshio Ban, velhote bigodudo e amigo de Tezuka, a
biografia será publicada pela Conrad em três volumes.
Infância
No primeiro, que acaba de chegar às livrarias, somos apresentados ao universo infantil do autor,
no período entre 1928 e 1945: seus
primeiros contatos com os "aka-hon" (livretos de mangá baratos,
semelhantes aos cordéis do Nordeste brasileiro), seu interesse por
astronomia, suas coleções de insetos e, claro, sua paixão por contar e desenhar histórias.
"Ele usava os seus desenhos para passar suas mensagens, de forma simples e direta", diz a pesquisadora Sonia Luyten, autora do livro "Mangá: o Poder do Quadrinho Japonês". "Desde os olhos
grandes, até a estrutura das histórias, Tezuka foi muito influenciado por Disney."
De uma infância em meio às
brincadeiras de criança e aos incentivos dos professores para que
levasse adiante suas histórias, Tezuka viu as coisas mudarem com
a Segunda Guerra (1939-1945).
Mudam também as páginas e cores (ou melhor, os tons de cinza)
de "Osamu Tezuka - Uma Biografia Mangá": "Além das bombas
normais, os B29 lançavam bombas incendiárias, chamadas "Cestos de Pão do Molotov". Quando
uma delas estava caindo por perto
ouvia-se o som parecido com o da
chuva", escreve.
Em mangás subsequentes, o
quadrinista ofereceu um vasto
material com suas impressões sobre a guerra e o ocidente, incluindo "A Fortaleza de Papel", "Recados para Adolf" e "O Homem que
Destruiu o Mundo".
"Depois da [Segunda] Guerra,
os japoneses passaram a ter uma
relação de amor e ódio com os
EUA. Com a presença deles na reconstrução do país, os japoneses
engoliram o ódio e até aprenderam algumas coisas", diz Luyten.
"O que eles sempre fizeram foi
idealizar um Ocidente que não era
exatamente real, era uma mistura
das características progressistas
das grandes capitais com o aconchego da cultura japonesa. [A
obra de 1949] "Metrópolis" é um
bom exemplo disso."
OSAMU TEZUKA - UMA BIOGRAFIA
MANGÁ. Autores: Toshio Ban e Tezuka
Productions. Editora: Conrad. Quanto: R$
34 (208 págs.).
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