UOL


São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HQ

Série em três volumes conta a vida do principal quadrinista japonês, criador de "Astro Boy" e "A Princesa e o Cavaleiro"

Biografia vê como Osamu Tezuka moldou o mangá

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecido no Japão como "manga no kamisama" (o deus dos quadrinhos), Osamu Tezuka (1928-89) deixou sua "bíblia" de mais de 150 mil páginas de mangás e 60 filmes de animação para um povo que, hoje, produz, consome e exporta mais quadrinhos do que qualquer outro no mundo.
A partir de publicações autobiográficas como "As Palavras que me Construíram" (1970) e de uma série de rascunhos realizados pelo artista desde a sua infância, seus antigos companheiros de estúdio realizaram este "Osamu Tezuka - Uma Biografia Mangá", homenagem póstuma ao autor e criador de clássicos como "Astro Boy" e "A Princesa e o Cavaleiro".
Narrada por Toshio Ban, velhote bigodudo e amigo de Tezuka, a biografia será publicada pela Conrad em três volumes.

Infância
No primeiro, que acaba de chegar às livrarias, somos apresentados ao universo infantil do autor, no período entre 1928 e 1945: seus primeiros contatos com os "aka-hon" (livretos de mangá baratos, semelhantes aos cordéis do Nordeste brasileiro), seu interesse por astronomia, suas coleções de insetos e, claro, sua paixão por contar e desenhar histórias.
"Ele usava os seus desenhos para passar suas mensagens, de forma simples e direta", diz a pesquisadora Sonia Luyten, autora do livro "Mangá: o Poder do Quadrinho Japonês". "Desde os olhos grandes, até a estrutura das histórias, Tezuka foi muito influenciado por Disney."
De uma infância em meio às brincadeiras de criança e aos incentivos dos professores para que levasse adiante suas histórias, Tezuka viu as coisas mudarem com a Segunda Guerra (1939-1945). Mudam também as páginas e cores (ou melhor, os tons de cinza) de "Osamu Tezuka - Uma Biografia Mangá": "Além das bombas normais, os B29 lançavam bombas incendiárias, chamadas "Cestos de Pão do Molotov". Quando uma delas estava caindo por perto ouvia-se o som parecido com o da chuva", escreve.
Em mangás subsequentes, o quadrinista ofereceu um vasto material com suas impressões sobre a guerra e o ocidente, incluindo "A Fortaleza de Papel", "Recados para Adolf" e "O Homem que Destruiu o Mundo".
"Depois da [Segunda] Guerra, os japoneses passaram a ter uma relação de amor e ódio com os EUA. Com a presença deles na reconstrução do país, os japoneses engoliram o ódio e até aprenderam algumas coisas", diz Luyten. "O que eles sempre fizeram foi idealizar um Ocidente que não era exatamente real, era uma mistura das características progressistas das grandes capitais com o aconchego da cultura japonesa. [A obra de 1949] "Metrópolis" é um bom exemplo disso."


OSAMU TEZUKA - UMA BIOGRAFIA MANGÁ. Autores: Toshio Ban e Tezuka Productions. Editora: Conrad. Quanto: R$ 34 (208 págs.).


Texto Anterior: Exposição: Paris vê obras de Bispo do Rosário
Próximo Texto: Música: The Cult "renascido" conta sua história
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.