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Arte eletrônica é tema de festival em São Paulo
File, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, chega a sua sétima edição
Evento tem a participação
de 200 artistas, entre eles, o
catalão Marcel.lí Antúnez
Roca, um dos fundadores do
grupo La Fura dels Baus
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em níveis diferentes, os espectadores sempre foram instados a interagir com as obras
de arte, seja ela uma música,
um livro, um quadro, uma peça
de teatro ou um filme. Agora o
que dizer de uma criação que
não só sugere que o público
participe, como o transporta
para dentro da própria obra?
Pois essa é uma das características mais instigantes de alguns dos trabalhos reunidos no
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, o File, que
ocupa o Centro Cultural Fiesp
a partir de hoje (para convidados e amanhã para o público).
Como nas anteriores, a sétima
edição do evento traz uma profusão de produções, com mais
de 200 artistas mostrando criações em diversas áreas da arte
digital, entre elas, net art, animações, games, filmes interativos e robótica, além de performances realizadas no File Hipersônica -veja programação
no quadro.
Disso tudo, destacam-se as
instalações, com 20 trabalhos
de artistas como o catalão Marcel.lí Antúnez Roca, um dos
fundadores do grupo espanhol
La Fura dels Baus. Roca, que
vem pela primeira vez ao país,
utiliza recursos da robótica e da
mecatrônica para criar obras
como "Tantal Mechanism of
Ephemeral Identities", que está exposta no File, e performances, como a que ele realiza
nesta quarta, no teatro do Sesi.
Em "Tantal", Roca desenvolveu um dispositivo que capta
uma seqüência do rosto do público e o transporta para uma
animação, transformando-o
em ator de um filme virtual.
A artista russa Alexandra Dementieva também insere o espectador num filme, que pode
manipular os personagens pisando em tapetes interativos.
"Neste ano, as instalações estão mais sofisticadas e complexas, com pesquisas mais elaboradas no que diz respeito à estética e à programação", diz Paula
Perissinoto, organizadora do
evento ao lado do artista e pesquisador Ricardo Barreto.
Perissinoto destaca a "relação entre o virtual e o real" realizada pelo grupo francês Eletronic Shadow, que também está no Brasil. Eles participam do
evento com a instalação "H2O",
um ambiente imersivo e interativo que se passa dentro de uma
piscina onde circulam as silhuetas de um homem e uma
mulher. Como no trabalho de
Dementieva, o público altera o
ciclo dos dois personagens andando sobre um tapete.
"Nessa área, há momentos
em que os artistas se perdem na
pirotecnia tecnológica. Às vezes, dá certo juntar a pesquisa
estética e a tecnológica, neste
ano, isso está mais amarrado",
diz Perissinoto.
Mágica
Uma das pirotecnias que deve encantar o público, principalmente as crianças, será a do
americano Zachary Lieberman
na instalação "Drawn", trabalho que foi premiado neste ano
pelo museu austríaco Ars Electronica, um dos principais centros de novas mídias no mundo.
Seu trabalho é também uma
performance, e só existe com a
participação das pessoas, que
dão vida à tinta colocada em
um papel. "Você pode pintar algo e isso sai da página e responde ao movimento de suas
mãos", explica Lieberman, 29.
"É como uma mágica: você está
pintando e a pintura cria vida."
Essa brincadeira, que é possível graças a um software desenvolvido pelo próprio artista, é
resultado de uma pesquisa sobre como representar trabalhos artísticos do passado com
os recursos tecnológicos de hoje. "Drawn", por exemplo, é inspirado nas primeiras animações realizadas no início do século 20, sobre como fazer os desenhos ganharem vida", diz
Lieberman. "Meu interesse era
observar os primórdios do cinema e como as obras podem
se relacionar com isso."
Lieberman, que está na cidade, fará a performance hoje, na
abertura. Por coincidência, outra instalação perfomática de
sua autoria está em cartaz em
SP, o trabalho "Messa di Voce",
em parceria com o também
americano Golan Levin, está
em exposição no Itaú Cultural.
Mudanças
Nesta edição foi alterada a
programação das performances multimídia do File Hipersônica, que acontecem somente no teatro do Sesi -em 2005,
ocorreu na Casa das Caldeiras.
"Tentamos romper com o espírito de festa", afirma Perissinoto. "Queremos trazer as pessoas para se concentrar nas
apresentações."
Outra novidade é a mostra
audiovisual File-CD [Cinema
Documenta].
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