São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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MEMÓRIA
Projeto recupera documentos da então capitania
São Paulo revê sua história colonial

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

A história de São Paulo na época colonial (1500-1822) deverá ser alvo de uma renovação nos próximos anos. Segundo alguns historiadores, será um dos efeitos de um projeto cujo lançamento está marcado para hoje, o "Resgate de Documentação Histórica Relativa à Capitania de São Paulo".
Trata-se de um esforço conjunto do Ministério da Cultura e de duas agências de fomento à pesquisa (a Fapesp e o CNPq). Como o nome sugere, ele se propõe a recuperar documentos sobre a antiga capitania de São Paulo.
Os documentos, em grande parte ainda não estudados, são do Arquivo Histórico Ultramarino, que fica em Lisboa, Portugal.
A instituição existe desde o século 16 e reúne documentos históricos referentes às colônias portuguesas, entre as quais o Brasil.
"O conselho ultramarino era um órgão que prestava assessoria ao rei para todos os assuntos referentes às colônias. Por isso, o arquivo tem documentos sobre o dia-a-dia administrativo da colônia", diz Heloísa Liberalli Bellotto, assessora na área arquivística do "Resgate Barão do Rio Branco" -nome do projeto nacional no qual está incluída a recuperação da documentação da capitania de São Paulo.
O projeto começou há cerca de três anos. Seu objetivo é sistematizar, microfilmar e reproduzir em CD-ROM os cerca de 300 mil documentos sobre as capitanias hereditárias brasileiras na época da colônia guardados no Arquivo Ultramarino. Do total, cerca de 10 mil são sobre São Paulo.
Parte desses documentos foram microfilmados na década de 50 e estão arquivados no Museu Paulista (Museu do Ipiranga), em São Paulo. No entanto, os papéis microfilmados não foram selecionados de maneira sistemática. "Estamos conferindo tudo de novo", diz Heloísa.
Além disso, a coleção do Museu Paulista está praticamente esquecida. "O material está disponível para consulta. Mas, em oito anos, desde que comecei a trabalhar aqui, não me lembro de alguém ter vindo fazer pesquisas", diz Solange Ferraz de Lima, curadora do acervo textual e iconográfico do Museu Paulista.
No Brasil Colônia, o dia-a-dia administrativo abrangia diversos aspectos da vida das pessoas. "As decisões eram muito centralizadas. Praticamente tudo passava pelo rei", diz Esther Caldas Bertoletti, coordenadora-técnica nacional do projeto.
Os papéis do Arquivo Ultramarino incluem desde registros de carga e descarga nos portos brasileiros, denúncias de irregularidades do clero e até requerimentos para deslocamento de pessoas.



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