São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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NOITE ILUSTRADA
Aqui não tem Space certo

OIÊ! Ou melhor, "ola"! Porque lá em Ibiza, meu bem, muito "ola, que tal". E para quem quer saber: Ibiza é tudo. E seguem as respostas a quase todas as perguntas:
Sim, vale a pena ir. Sim, dá pra ir (não é tão caro assim). Não, não tem só garotada. E também não tem só clubber nem tem só gay nem tem só playboy. Tem todo mundo, muito bem misturado, muito bem integrado, ao carinhoso sol da Península Baleárica. E sabe o quê? As pessoas vivem de dia também, as praias são lindas e escurece tarde. A noite começa tarde também. Às quatro da manhã você jura que vai ser um flop; de repente, todo mundo chega e a noite decola. O fundamento dos pré-clubs, portanto, é fortíssimo.

E sabe o quê? Todo lugar onde você vai tem um top DJ tocando, fazendo com que sua noite sempre valha a pena, ao menos pelo som. Fora os DJs, que você nem fica sabendo quem são ou nem se lembra de perguntar. E tem ainda as megafestas famosas como Puscha Meets Trade (puro glamour) e Manumission (puro sexo), que impressionam pela quantidade de pessoas (8.000) e pela produção. Conselho de amiga: chegue num domingo e vá embora só na outra terça, assim você consegue cobrir a semana inteira, sem furos. Não dá pra ir em tudo, mas sempre é bom tentar.

AINDA: house music, house music, house music. Com exceção da presença de Carl Cox na segunda passada (eu cheguei na terça; tá vendo o que eu falei?), a clássica house reina em Ibiza. Amantes da trance também saem prejudicados lá, apesar de Sasha ter colocado um pezinho lá em seu set no Amnesia. É esse clube, também famoso, que tem o melhor equipamento de som. Redondo, em uníssono onde quer que você vá. A luz é linda, mágica.

PURO culto ao DJ: o nome de Sasha vinha escrito em todas as formas de computação gráfica. O culto ao DJ, óbvio, é outra característica da ilha, que tem outdoors, luminosos, cartazes, flyers espalhados por todo lado, até no aeroporto. É impressionante: tudo gira em torno da cultura club. Pra gente que vê romantismo e glamour nas coisas, então, é de emocionar.

O que mais? A descolândia dos restaurantes de Dalt Villa (a parte mais hype de Ibiza Town em si), as lojas de discos; a feira de rua de toda noite; a montação dos performers (o povo em si vai lindo, mas desencanado: só tem dress code e door policy na noite Submission). E por falar em dress code, uma notícia, das mais importantes: Ibiza não tem carão.

O que fazer ao chegar: procurar um bom guia. A melhor programação é a da revista "DJ", com um dia-a-dia com a programação e os hypes. Reze para Deus e tente achar passagem e hospedagem para pegar o final da temporada. Se não, começa tudo de novo ano que vem, no verão, claro.

HIT absoluto de Ibiza nesta temporada: "Music Sounds Better With You", uma coisa meiga e simples do Stardust, produção de (creia) Thomas Bangalter, um dos daft punks. Ligue djá pro Matalon!

FALTOU dizer: meu clube do coração, o Space, que começa às 6h e vai até às 18h. O slogan é "The happy people club". E nem é after hours, o conceito, mas day club. E as pessoas são as mais bacanas. E tem uma pista (terraço), ao ar livre, mas coberta, cheia de queijos onde todo mundo pula muito. E mais, como plus: o clube fica próximo ao aeroporto e você ouve os aviões passando bem perto, com muito barulho. Cada avião é um tchauzinho.

MAIS de Ibiza: muitos brasileiros. A começar por Brasílio, reinando no Privilege (que vai voltar a se chamar Ku); a sabedoria xamânica de Olivier Mourão; a linda ferveção cabeluda de Junior; o descolamento de Tony no Coco Loco e tantos outros que encontramos nas pistas, sempre gentis e carinhosos.


O que você precisa saber falar em espanhol? Somente o básico clubber: lavabo (banheiro); tabaco (cigarro); fuego (isqueiro); "cervessa" (como se diz); e "claro, claro", significando "tá óóótimo".

MAIS? O rei da noite Ricardo Amaral traz a Manumission em si ao Rio, no Metropolitan. Claro, claro.

BOM, por aqui... Boas e más notícias. Primeiro as más: os taxistas estavam certos. Não é que o Hell's acabou? E as bichas estavam certas. Não é que a Special K flopou?


BEM, agora as boas. A cena rave começa a se mexer novamente, após curto e tenebroso inverno. É a Vishnu Rave, amanhã, no sítio Portal do Jaguari, organizada pelo DJ Jason Bralli.

A rave e também a próxima quarta no Lov.e terão a participação do DJ e produtor Chris Liberator, da famosa equipe Liberator (Julian já veio ao Brasil), que ajudou a instalar o circuito das raves na Inglaterra, desde 91 no underground.

OUTRA boa: na quinta-feira, dia 20, o Camel Connection recebe na BASE o The End Sound System, a equipe de Mr. C (Shamen), junto a seu engenheiro de som Matthew Bushwacka B! e o produtor e DJ Layo. Breakbeats e tech-house com quatro picapes, dois mixers e o diabo. "Ebeneezer good", já dizia o Shamen lá atrás...

MAIS fofura? Dia 20 abre a Disco Fever na Gent's, o novo reino de Mauro Borges. "É a pista pela qual tenho mais carinho", me disse Mauro ontem de madrugada. Animado, ele quer reunir os melhores DJs da cidade para a estréia, com Johny, Katia, Salete e Grace. Na mesma quinta, Ruth Slinger e Jorjão Espírito Santo celebram um ano da Night Celebration no Lov.e.

E mais: Cacá Ribeiro se junta a Luciano Chahim para trazer o DJ Abel, da Salvation, ao Rio e SP. E em outubro se juntam a Mauro Borges para o novo projeto, batizado Pegation. Need I say more?



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