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SAMBA
Compositor carioca se apresenta hoje e amanhã no Villagio Café, am São Paulo
Monarco conta a história do samba
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Dois shows do sambista Monarco dão oportunidade aos paulistas, hoje e amanhã, de travar contato com a mal contada -porque
raramente registrada em disco-
história do samba carioca de raiz.
Monarco, 64, é um dos caçulas
da geração heróica dos sambistas
da Portela, aquela que foi liderada
por Paulo da Portela. Os discos
que pôde lançar em 41 anos de carreira (desde que gravou pela primeira vez, em 57) podem-se contar nos dedos de uma mão -e sobram dedos.
"Encaro isso com naturalidade.
Cartola, coitado, foi fazer disco só
no fim da vida, levado pelo Marcus Pereira. Quem sou eu para
chegar aos pés do Cartola? Só por
ter conseguido gravar, já me dou
por satisfeito", afirma o artista.
Com a mesma resignação ele encara o fato de ter perdido a gravação de seu samba "Passado de
Glória" (aquele que diz que "se
for falar da Portela hoje não vou
terminar").
O samba daria nome ao histórico
disco da Velha Guarda da Portela,
lançado em 1970 sob coordenação
do discípulo Paulinho da Viola (e
relançado no ano passado em CD,
pela RGE), mas Monarco ficou de
fora. "Não pude comparecer porque estava de pernoite no mercado
de peixe, meu patrão não liberou.
Não tem problema."
Seja como for, de lá para cá a
música tomou vulto em sua vida.
Década de 70 adentro, composições suas se tornaram conhecidas
nas vozes de Paulinho da Viola
("Lenço"), Clara Nunes ("Rancho da Primavera"), Martinho da
Vila ("Tudo Menos Amor"), até
Zeca Pagodinho. "Hoje vivo de
música. Vivo mal, dos direitos autorais, mas vivo."
Gaveta
As músicas vão sendo compostas, interessem-se ou não as gravadoras. "A gente vai fazendo e vai
guardando. Não dão valor ao tipo
de música que eu faço, mas eu
dou. Não vou falar de bundinha,
não sei fazer isso. Me inspiro no
amor, nas estrelas, nas flores."
E os grupos atuais de pagode?
"Nem perco meu tempo, a jogada
deles é outra. O que querem não é
da minha praia. Claro que sinto na
pele por não pensar no comercial,
mas deixa eu com meu samba,
muito embora vagabundo. Passei
fome ao lado desse samba, ele agoniza, mas não morre", parafraseia
Nelson Sargento.
É esse o samba que ele traz a São
Paulo, cantando músicas de seus
contemporâneos e as suas próprias. "Muitas são pouco conhecidas, mas eram sucessos no terreiro da Portela. Minha música fazia sucesso na comunidade, depois é que vieram as gravações,
elas foram para o disco e se comportaram muito bem."
Para quem quiser assistir seu
show de canções que não tocam
no rádio, ele avisa: "Vou fazer um
show caprichado, estou com saudade de São Paulo. Vai ser bom, o
público paulista não é bobo, sabe
o que é bom".
Show: Monarco
Onde: Villagio Café (pça. Dom Orione, 298,
Bela Vista, tel. 011/251-3730, região
central)
Quando: hoje, às 23h, e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 12
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