São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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TRECHOS

"Mas então, de repente, ela descobriu o rosto e virou a cabeça na direção da porta que dava para o corredor. Alguém mexia na maçaneta com força e determinação, e imediatamente uma voz anasalada e aguda, que tinha o retinir das famílias "puro-sangue" de Filadélfia, soou através da porta trancada de modo tão nítido que pude reconhecer, pude ver a intrusa: sua figura alta e desajeitada, e seus olhos negros e brilhantes, que tinham astúcia mas nenhuma sensualidade."

"E, contudo, para eles a Depressão seguia sempre, como uma enchente que carregava suas casas, deixando-os à deriva em meio aos despejos revirados, e podendo emborcar ou afundar com famílias inteiras (...) eu sabia que as atitudes que assumia para mim mesmo ou em conversas com outros nada significavam naquele quarto vazio do Brooklyn onde Anna e seu primo operário têxtil estavam tão graves, angustiados e pálidos."

"Senti que a angústia e a iminência da presença de Dan a tinham naquele momento afastado completamente de mim. Não me ligou por uma semana, de forma que acabei dando uma passada no restaurante. Não ia trabalhar fazia dois dias sua mãe também não ouvira falar dela desde que fora morar com a irmã. De fato, Dan a encontrara de novo; e, quando por fim reapareceu, estava desfigurada por um corte no lábio (...)"


Trechos do livro "Memórias do Condado de Hecate" (Cia das Letras), de Edmund Wilson



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