|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Estreante, Kaíque dos
Santos, 14, rouba a cena
como o caçula Reginaldo
FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De aliança na mão direita e
unhas pintadas de esmalte
transparente, Kaíque dos
Santos, 14, em nada lembra
seu personagem em "Linha
de Passe", o caçula mal-humorado Reginaldo, que passa o filme à procura do pai.
É dele a cena final, quando
sai dirigindo sozinho um
ônibus por São Paulo. E também os poucos apartes cômicos do longa, como quando
provoca um dos três irmãos
ou dança break.
Kaíque nasceu em Ubatã
(BA), mas desde os dois anos
mora em SP. Ele fala baixo,
meio atropelando as palavras, diz que é tímido com
desconhecidos. Mas basta alguém -em geral meninas-
aparecer pedindo um autógrafo para ele abrir um sorriso e perder a pose de sério.
"Gosto de ficar bem arrumado, mas não sou vaidoso",
diz. Ele conta que a mãe insiste para ele fazer as unhas e
que comprou pessoalmente
a aliança que deu à namorada de mais de um ano.
Kaíque foi escalado para o
filme durante testes numa
ONG -foram 18 semanas de
seleção, um ano de espera e
algumas aulas de direção para a cena do ônibus.
"Ele não podia jogar bola
para não se machucar nem
cortar o cabelo por causa do
filme", diz a mãe, a diarista
Marinalva M. Santos, 33. De
fato, no filme, a mãe Cleuza
(Sandra Corveloni), também
diarista, reclama do "cabelo
de mendigo" do filho.
Hoje, de cabelo curto, segue a mesma rotina, com
mais estudos. A produção do
filme paga cursos de inglês e
espanhol. Marinalva, casada
e com uma filha mais nova,
conta que Kaíque, às vezes,
chama Sandra de "mãe", mas
ela não se importa.
A atriz é só elogios ao "caçula": "O que mais impressionou foi ele chegar num
ambiente novo sem medo,
sempre disponível", diz.
Kaíque queria ser jogador
de futebol ou bombeiro
-"para salvar vidas". Agora,
só pensa em ser ator. O primeiro filme que viu no cinema foi "Procurando Nemo",
mas não tem obra ou ator favorito. "Acho que cada ator
tem que ter o seu jeito. E eu
vou ser Kaíque."
Texto Anterior: Periferia joga duro com "Linha de Passe" Próximo Texto: Artigo: Crônica social relembra a grandeza do cinema Índice
|