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ARTE E TECNOLOGIA
Poesia salta do papel em fusão
com imagens, dança e sons
da Reportagem Local
A poesia como experiência coletiva salta do papel para fundir-se a
imagens e sons. É a poesia experimental brasileira, que tem lugar de
destaque esta semana na programação do evento "Arte e Tecnologia", do Instituto Cultural Itaú.
São duas performances e uma
palestra, em que poderão ser vistos
trabalhos de duas correntes das
vanguardas -concretismo e poesia sonora-, assinados, respectivamente, por Augusto de Campos
e Philadelpho Menezes.
Campos apresenta hoje "Poesia
É Risco", em parceria com Walter
Silveira e Cid Campos. A performance traz o poeta declamando
seus textos acompanhado por música ao vivo e imagens projetadas
num telão. A proposta é que palavra, som e imagem dialoguem em
busca de alteração mútua e da descoberta de novos significados provenientes dessa interação.
O trabalho do trio mantém a oralidade, o texto serve de base. Coisa
diferente acontece com a "Poesia
Sonora" de Menezes. O texto desaparece, dando lugar à combinações de sons -barulhos, som ambiente, sílabas que formam palavras sem sentido.
A poesia sonora apareceu na
França, nos anos 50, com a obra de
Henri Chopin, como herdeira direta da poesia fonética de dadaístas
como Hugo Ball. Da utopia de
criar uma língua universal, surgem palavras que, separadamente,
não tem sentido.
"Mas é como no cinema. Colocar uma imagem ao lado da outra
produz um conceito, um ritmo,
um significado", diz Menezes, 37,
poeta, professor de Comunicação
e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP) e coordenador do Estúdio de Poesia Experimental.
No evento, a "Poesia Sonora"
se multiplica em três: uma instalação com 24 headfones transmitindo 12 poemas de autores brasileiros e 12 de estrangeiros; uma palestra, onde Menezes traça um percurso histórico do gênero; e um espetáculo, em que o poeta e o grupo
Poéticas da Voz mostram os trabalhos com o auxílio de vídeo e som.
O espetáculo terá a participação
da bailarina Vera Sala, que pesquisa dança usando poemas sonoros.
A inclusão de elementos externos e a participação do poeta ao
vivo é uma tendência atual. "Nos
anos 50, houve uma espécie de período tecnicista. Agora, é uma
época de dosar a importância da
tecnologia e definir um campo de
atuação fora dela", diz Menezes.
Alguns dos trabalhos apresentados estão no CD "Poesia Sonora -
Do Fonetismo às Poéticas Contemporâneas da Voz", lançado
em 1996.
(PATRICIA DECIA)
O que: Poesia É Risco
Com: Augusto de Campos, Walter Silveira e
Cid Campos
Quando: hoje, às 20h
Onde: Instituto Cultural Itaú - av. Paulista,
149, tel: 011/238-1700
Quanto: entrada franca
O que: Poesia Sonora
Com: Philadelpho Menezes e grupo
Quando: palestra amanhã, às 20h30, e
espetáculo quinta, às 20h
Onde: Instituto Cultural Itaú - av. Paulista,
149, tel: 011/238-1700
Quanto: entrada franca
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