São Paulo, terça, 14 de outubro de 1997.




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ARTE E TECNOLOGIA

Poesia salta do papel em fusão com imagens, dança e sons

da Reportagem Local

A poesia como experiência coletiva salta do papel para fundir-se a imagens e sons. É a poesia experimental brasileira, que tem lugar de destaque esta semana na programação do evento "Arte e Tecnologia", do Instituto Cultural Itaú.
São duas performances e uma palestra, em que poderão ser vistos trabalhos de duas correntes das vanguardas -concretismo e poesia sonora-, assinados, respectivamente, por Augusto de Campos e Philadelpho Menezes.
Campos apresenta hoje "Poesia É Risco", em parceria com Walter Silveira e Cid Campos. A performance traz o poeta declamando seus textos acompanhado por música ao vivo e imagens projetadas num telão. A proposta é que palavra, som e imagem dialoguem em busca de alteração mútua e da descoberta de novos significados provenientes dessa interação.
O trabalho do trio mantém a oralidade, o texto serve de base. Coisa diferente acontece com a "Poesia Sonora" de Menezes. O texto desaparece, dando lugar à combinações de sons -barulhos, som ambiente, sílabas que formam palavras sem sentido.
A poesia sonora apareceu na França, nos anos 50, com a obra de Henri Chopin, como herdeira direta da poesia fonética de dadaístas como Hugo Ball. Da utopia de criar uma língua universal, surgem palavras que, separadamente, não tem sentido.
"Mas é como no cinema. Colocar uma imagem ao lado da outra produz um conceito, um ritmo, um significado", diz Menezes, 37, poeta, professor de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenador do Estúdio de Poesia Experimental.
No evento, a "Poesia Sonora" se multiplica em três: uma instalação com 24 headfones transmitindo 12 poemas de autores brasileiros e 12 de estrangeiros; uma palestra, onde Menezes traça um percurso histórico do gênero; e um espetáculo, em que o poeta e o grupo Poéticas da Voz mostram os trabalhos com o auxílio de vídeo e som.
O espetáculo terá a participação da bailarina Vera Sala, que pesquisa dança usando poemas sonoros.
A inclusão de elementos externos e a participação do poeta ao vivo é uma tendência atual. "Nos anos 50, houve uma espécie de período tecnicista. Agora, é uma época de dosar a importância da tecnologia e definir um campo de atuação fora dela", diz Menezes.
Alguns dos trabalhos apresentados estão no CD "Poesia Sonora - Do Fonetismo às Poéticas Contemporâneas da Voz", lançado em 1996. (PATRICIA DECIA)

O que: Poesia É Risco Com: Augusto de Campos, Walter Silveira e Cid Campos Quando: hoje, às 20h Onde: Instituto Cultural Itaú - av. Paulista, 149, tel: 011/238-1700 Quanto: entrada franca
O que: Poesia Sonora Com: Philadelpho Menezes e grupo Quando: palestra amanhã, às 20h30, e espetáculo quinta, às 20h Onde: Instituto Cultural Itaú - av. Paulista, 149, tel: 011/238-1700 Quanto: entrada franca


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